Washington - O procurador especial Jack Smith, que liderou duas das investigações contra o presidente-eleito Donald Trump, apresentou a demissão do Departamento de Justiça norte-americano, na sexta-feira, segundo noticiou o site Notícias ao Minuto.
A informação foi avançada este sábado, de acordo com um processo judicial apresentado à juíza distrital Aileen Cannon, no qual era solicitado que a ordem judicial que bloqueava a divulgação do relatório final do procurador fosse levantada, noticiou a agência Reuters.
A demissão de Smith constava de uma nota de rodapé do processo, que apontava que o responsável pelas investigações federais contra o republicano Donald Trump tinha concluído o seu trabalho, apresentado o seu relatório final confidencial a 7 de Janeiro e "separado" do Departamento de Justiça a 10 de Janeiro.
É que, recorde-se, o antigo procurador de crimes de guerra instaurou dois dos quatro processos criminais que Trump enfrentou depois de deixar a presidência, em 2021. Nenhum dos casos foi a julgamento.
Após a vitória de Trump nas eleições de Novembro, Smith desistiu de ambos os casos, apoiando-se numa regra do Departamento de Justiça contra processar presidentes em exercício. Salientou, contudo, que apenas o regresso do republicano à Casa Branca tornava os processos inviáveis.
Ainda assim, a demissão de Smith era esperada, uma vez que Trump, que frequentemente o apelidou de "tresloucado", assegurou que o demitiria imediatamente após assumir o cargo de chefe de Estado, a 20 de Janeiro. O magnata chegou mesmo a sugeriu que poderia retaliar contra Smith e outros que o investigaram assim que regressasse ao poder.
Saliente-se que, em 2023, Trump tornou-se o primeiro presidente ou ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar acusações criminais. Inicialmente, foi acusado pelo estado de Nova Iorque de ter tentado encobrir um pagamento à actriz pornográfica Stormy Daniels durante a campanha eleitoral de 2016.
Seguiram-se, depois, os processos instaurados por Smith, que acusou Trump de reter ilegalmente documentos classificados na sua mansão de Mar-a-Lago, na Florida, depois de ter deixado a presidência, bem como de ter tentado subverter a sua derrota em 2020, o que levou ao ataque de 6 de Janeiro de 2021 ao Capitólio. Também os procuradores da Geórgia acusaram o republicano pelos seus esforços para reverter a sua derrota eleitoral naquele estado.
De notar que Trump entrará na Casa Branca enquanto o primeiro presidente condenado criminalmente, depois de a sentença do juiz Merchan, que foi pronunciada ontem numa audiência em Nova Iorque, o ter condenado, ainda que com uma "dispensa incondicional", que não acarreta pena de prisão ou de multa, nem liberdade condicional.
Em Abril de 2024, Trump tinha sido condenado num total de 34 acusações, quando ainda nem era candidato confirmado à Casa Branca.
O juiz responsabilizou o líder republicano de falsificação de documentos, para ocultar um pagamento de 130 mil dólares (126 mil euros, ao câmbio actual) a Stormy Daniels, para que esta não falasse de uma suposta relação extramatrimonial entre os dois ocorrida uma década antes.
A condenação significa, contudo, que Trump passará a ter antecedentes criminais no seu registo.CS