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Privados e cooperação garantem presença chinesa na segurança africana

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  • Luanda • Sábado, 14 Dezembro de 2024 | 13h12
Bandeira da China
Bandeira da China
Divulgação

Beijing - Investigadores disseram à Lusa que a China está a recorrer à segurança privada, operações da ONU ou cooperação com exércitos africanos para assegurar a sua presença na segurança de África, contornando assim o princípio de não-intervenção.

O país asiático conta já com uma base militar no Djibuti, no Corno de África, enquanto antigos membros da polícia paramilitar e do Exército chinês assumem funções de segurança em diferentes países do continente, segundo a Lusa.

Inclui também Angola, Mali ou Sudão do Sul, explicaram os investigadores.

A utilização de missões de manutenção da paz da ONU para proteger activos e operações é outra das estratégias utilizadas por Beijing, disseram.

A preocupação com a segurança surge no âmbito do comércio e investimento, potencializado pela Iniciativa Faixa e Rota, o gigantesco plano de infra-estruturas internacional lançado pela China, e que inclui a construção de portos, aeroportos ou linhas ferroviárias no continente africano.

As empresas chinesas dominam já a exploração de minérios raros em África considerados cruciais para as tecnologias do futuro.

A China é também o maior comprador de petróleo de vários países africanos.

"Nos locais onde empresas chinesas de telecomunicações, petróleo ou mineração operam é cada vez mais frequente a contratação de empresas de segurança privada chinesas para protecção de activos e recursos humanos", explicou Alessandro Arduíno, um dos raros investigadores sobre a actuação da segurança privada chinesa em África, à agência Lusa.

O sequestro de trabalhadores chineses e a pirataria são, em particular, um problema crescente para o país asiático, mas o princípio de não-intervenção continua a constituir uma pedra basilar da política externa chinesa, limitando a actuação das suas forças armadas para proteger alvos individuais.

As empresas de segurança privada fornecem ainda serviços de informação, que podem ser cruciais na negociação com tribos e milícias locais, em regiões propensas a conflitos onde empresas chinesas estão envolvidas na extracção de recursos, disse Arduíno.

Nos últimos anos, o papel da China na paz e segurança de África ganhou maior relevo também através da cooperação e treino militar ou venda de armas.

Em Setembro passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu mais de 130 milhões de euros em ajuda militar e formação para seis mil militares e mil polícias de países africanos.

Em Dezembro de 2021, o jornal norte-americano The Wall Street Journal noticiou que a China estava a planear construir uma base naval na Guiné Equatorial.

A segurança e a estabilidade do Golfo da Guiné são de grande importância para os países da região, para África como um todo e até para o mundo, afirmou.

Na semana passada, o comandante da marinha chinesa, o almirante Hu Zhongming, durante um fórum com representantes das forças armadas dos países da região.

"A marinha chinesa está disposta a trabalhar com os amigos do Golfo da Guiné para contribuir com sabedoria e força para promover maior paz, segurança, estabilidade e prosperidade no Golfo da Guiné", acrescentou.

Obert Hodzi, autor do livro "The End of China's Non-Intervention Policy in Africa", apontou também à Lusa como Beijing tem "protegido infra-estruturas importantes de petrolíferas chinesas" e "treinado as suas tropas para combater no terreno", através da participação em missões de manutenção da paz da ONU.

"A China tem hoje interesses que vão para além do seu território ou região", notou Hodzi. "E existem conflitos que estão a afectar directamente esses interesses", disse.

O investigador exemplificou com o envio massivo de capacetes azuis para missões de manutenção de paz no Sudão do Sul ou Mali, visando "proteger infra-estruturas importantes de petrolíferas chinesas" e "treinar as Forças Armadas chinesas para combater no terreno".

A China contribui, há várias décadas, para missões da ONU em África, mas se, até 2013, se tratavam de pequenos contingentes, compostos sobretudo por pessoal médico ou engenheiros, o país envia hoje também soldados para combater - 2.464, o maior número entre os membros do Conselho de Segurança. GAR





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