Pristina - O principal partido da oposição do Kosovo obteve uma clara vitória nas eleições antecipadas realizadas no domingo, durante a pandemia da covid-19, uma crise económica e negociações paralisadas com a inimiga do tempo de guerra, Sérvia.
Com 98% dos votos apurados hoje, o Partido do Movimento de Determinação (Vetevendosje!), de esquerda, tinha 48%, muito à frente do Partido Democrático de Kosovo (PDK), de centro direita, com 17% e do partido conservador governante Liga Democrática de Kosovo (LDK), com 13%, tendo ambos admitido a derrota.
No domingo, os eleitores desafiaram temperaturas de -10 graus e queda de nova para irem votar, com uma participação de 47%, uma subida de 2,5% desde as eleições de 2019, de acordo com a Comissão Eleitoral Central, o principal órgão eleitoral.
O líder do Vetevendosje!, Albin Kurti, que deve ser o primeiro-ministro, enfrenta o desafio de reerguer a economia do país pobre e reduzir o desemprego depois de combater a pandemia, assim como lutar contra o crime organizado e a corrupção.
"Ganhamos este referendo pela justiça e trabalhos, contra a captura do Estado e a corrupção. A nossa prioridade é a justiça e empregos", afirmou Kurti, antes da meia-noite de domingo.
No entanto, a vitória pode não dar a Kurti os 61 assentos necessários no Parlamento de 120 lugares para criar um Executivo por conta própria. O líder do Vetevendosje! já havia deixado claro que não iria haver uma coligação com os principais opositores derrotados.
As eleições foram marcadas depois de o Tribunal Constitucional de Kosovo ter invalidado o voto de um legislador condenado que ajudou a confirmar o Executivo do primeiro-ministro em exercício, Avdullah Hoti, do LDK, nomeado em Junho, depois de Kurti ter sido afastado do cargo.
A minoria sérvia do Kosovo tem 10 assentos no Parlamento e outros 10 pertencem a outras minorias.
As negociações sobre a normalização de laços com a Sérvia, que bloquearam novamente no ano passado depois de negociações mediadas pelos Estados Unidos e União Europeia, não ocuparam um lugar alto na agenda do Vetevendosje!.
Kurti disse que formar uma equipa de negociação para o diálogo não seria uma prioridade para o seu Governo.
A União Europeia enviou observadores para assistirem às eleições.
O Kosovo declarou independência da Sérvia em 2008, uma década depois da guerra brutal de 1998-1999 entre rebeldes separatistas de etnia albanesa e forças sérvias.
A guerra acabou depois de uma campanha aérea da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) de 78 dias ter expulsado as tropas sérvias e da implementação de uma força de paz.
A maioria das nações ocidentais reconheceu o Kosovo, mas a Sérvia e os seus aliados Rússia e China não. As tensões no Kosovo continuam uma fonte de volatilidade nos Balcãs.
Dois meses depois de tomarem os assentos no Parlamento, os legisladores do Kosovo devem eleger o Presidente do país. Se nenhum candidato for eleito após três rondas de votações, o país pode ser forçado a realizar outras eleições parlamentares antecipadas.