Damasco - O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, afirmou hoje, na sua primeira visita a Damasco após a queda de Bashar al-Assad, que o traçado das fronteiras terrestres e marítimas com a Síria será uma das prioridades.
"A definição das fronteiras terrestres e marítimas entre o Líbano e a Síria está entre as prioridades", afirmou o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, após a sua reunião com o novo líder sírio Ahmad al-Chareh, em Damasco.
Assim será formado um comité com as novas autoridades sírias para demarcar as fronteiras terrestres e marítimas, com o objectivo de resolver o diferendo histórico após a queda do Governo de Bashar al-Assad.
A Síria, quando governada pelo clã Assad, recusou repetidamente demarcar as fronteiras com o seu país vizinho.
"A prioridade é demarcar a fronteira terrestre e marítima entre o Líbano e a Síria, mas isso levará algum tempo e não há necessidade de adiar outras questões por causa disso", disse Mikati numa conferência de imprensa ao lado do novo líder da administração síria.
Esta foi a primeira visita oficial de Najib Mikati desde a deposição de Bashar al-Assad e também a primeira de um chefe de governo libanês desde que a guerra civil começou na Síria, em 2011.
O novo Governo sírio, de inspiração islamita, tem procurado mostrar ao país e ao mundo que não constitui uma ameaça à segurança e à estabilidade do Médio Oriente e que traz um ímpeto reformista que a população há muito reivindicava, num país com uma grande diversidade étnica e religiosa, onde vivem árabes sunitas e xiitas, curdos, cristãos e drusos.
Também hoje, o novo líder da Síria, Ahmad al-Chareh, afirmou que pretende manter relações estratégicas duradouras com o país vizinho, acreditando que a eleição de Joseph Aoun como presidente conduzirá a uma situação estável no Líbano.
A Síria é hoje governada por uma coligação de rebeldes, liderada pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), de Ahmad al-Chareh.
Além das fronteiras com a Síria, o Líbano, com menos de sete milhões de habitantes, acolhe o maior número de refugiados sírios per capita no mundo, com estimativas oficiais a apontarem para cerca de 1,5 milhões no país. JM