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Primeira volta de presidenciais no Líbano acaba sem vencedores

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  • Luanda • Quinta, 09 Janeiro de 2025 | 13h25
Bandeira do Líbano
Bandeira do Líbano
Divulgação

Beirute - O parlamento libanês não conseguiu eleger um novo presidente após a primeira volta das eleições presidenciais, que chegou ao fim sem que nenhum candidato tenha conseguido os necessários dois terços dos votos dos parlamentares.

O general Joseph Aoun, chefe das forças armadas desde 2017 até ao ano passado, recebeu 71 votos. Dois votos foram para um candidato às presidenciais de 2005, Shebli Mallat, outros 37 foram entregues em branco e 18 votos foram considerados nulos.
Na maior parte dos nulos lia-se "Pela Constituição", um acto de protesto por parte da bancada que considera ilegal a eleição de Aoun.

O presidente da bancada, Nabih Berri, anunciou uma pausa de duas horas até que o parlamento se reúna para a segunda volta da votação. Nesse momento Joseph Aoun só precisará de uma maioria simplificada de 64 votos.

Segundo a constituição libanesa, são os 128 deputados quem elege o Presidente, que tem que ser cristão. Durante os últimos dois anos, os parlamentares não conseguiram chegar a consenso para escolher um novo chefe de Estado numa altura em que o país enfrenta uma enorme crise económica. 

Em sessões anteriores alguns candidatos chegaram perto dos 86 votos necessários para ser eleitos mas ao passar à segunda fase, a maior parte dos parlamentares deixou a sala para quebrar o quorum, o número necessário de deputados presentes para proceder com a votação.

Esses protestos foram protagonizados pelo partido xiita Hezbollah e os seus aliados, como um braço-de-ferro para forçar os outros partidos a aceitar o candidato escolhido por eles ou continuar no vácuo de poder.

A deputada Paula Yacoubian, parlamentar dum grupo reformista, entrou numa discussão acesa durante a sessão de quinta-feira ao criticar a classe política, e principalmente o Hezbollah, que acusou de tentar sabotar a eleição: "A classe política libanesa não quer um presidente capaz de fazer nada."

Após a guerra e o enfraquecimento do Hezbollah, o grupo perdeu grande parte do seu poder e influência, o que levou à escolha de Joseph Aoun como possível candidato.

Antes do voto de hoje, o partido deixou a entender que iria votar em branco na primeira ronda e que não ia bloquear a eleição de Joseph Aoun.

Na sessão do parlamento libanês marcaram presença figuras diplomáticas de peso, como o enviado francês Jean-Yves Le Drian, o embaixador saudita Walid Boukhari e o enviado dos Estados Unidos, Amos Hochstein, que facilitou o acordo de cessar-fogo com Israel, numa mostra de apoio por parte de potênciais ocidentais para a eleição de Aoun, enquanto outros criticaram a influência externa nestas eleições.

"Estamos a testemunhar o retorno da era dos cônsules e a eleição de um chefe de Estado desde o exterior", criticou Gebran Bassil, líder do Movimento Patriótico Livre (partido cristão aliado ao Hezbollah), durante a sessão parlamentar.

Durante a sessão, vários deputados criticaram a inconstitucionalidade da eleição de Joseph Aoun para a presidência, já que a Constituição proíbe a eleição de funcionários públicos de primeiro grau, como ele, sem uma demissão prévia de dois anos.
Joseph Aoun retirou-se há poucos meses. No entanto, em 2008, o presidente Michel Suleiman foi eleito nas mesmas circunstâncias.

Enquanto alguns deputados defendem uma emenda à Constituição para permitir a candidatura de Aoun, outros opõem-se ao militar e ainda há quem critique o que considera a hipocrisia de seguir a Constituição agora, após vários anos de violações.CS





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