Roma - O Governo italiano atribuiu a nacionalidade italiana ao presidente argentino, Javier Milei, por direito de descendência, decisão que provocou indignação por parte oposição, foi hoje anunciado.
A informação foi confirmada à agência France-Presse (AFP) por fonte próxima do processo.
O chefe de Estado argentino tem raízes na região da Calábria (sul de Itália), de onde os seus avós emigraram para a Argentina em 1926.
Javier Milei reuniu-se com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, em Roma, tendo reafirmado vontade de aprofundar a cooperação em diversas áreas, incluindo "os principais temas da agenda internacional".
Menos de um mês depois do anterior encontro, que teve lugar em Buenos Aires em 20 de Novembro, Meloni no Palácio Chigi, sede do Governo italiano, o chefe de Estado argentino, que hoje participa num evento organizado pela ala jovem do Irmãos de Itália ('Fratelli d'Italia'), o partido populista de extrema-direita, liderado pela primeira-ministra italiana.
A visita de Milei terminará no domingo.
Também a sua irmã e principal conselheira, Karina Milei, recebeu a nacionalidade italiana, segundo a agência ANSA, que indicou que os pedidos foram processados de forma urgente por Roma.
A decisão gerou indignação do lado da oposição que quer facilitar o acesso à nacionalidade às crianças nascidas em Itália de pais estrangeiros.
O deputado e presidente do Europa, Riccardo Magi, afirmou que conceder a cidadania a Milei é "um insulto e um acto de discriminação intolerável contra muitos jovens que só a obterão passados muitos anos".
A lei italiana para a obtenção de nacionalidade fundamenta-se em ligações familiares, permitindo que descendentes de italianos, mesmo de gerações afastadas, possam solicitar o passaporte do país.
Actualmente, os estrangeiros têm que viver em Itália durante dez anos antes de poderem pedir a nacionalidade, e as crianças nascidas em Itália de pais estrangeiros não podem solicitar a cidadania antes de completarem 18 anos.
Os partidos da oposição e as organizações de defesa dos direitos humanos querem reduzir o período de dez para cinco anos, para alinhar o país com o Reino Unido, a França ou a Alemanha, mas a coligação liderada por Meloni opõe-se a um relaxamento das regras. GAR