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Prémio Nobel da Paz iraniana apela ao "fim do silêncio" face à opressão

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  • Luanda • Segunda, 16 Setembro de 2024 | 15h32
Bandeira da República do Irão.
Bandeira da República do Irão.
Divulgação

Teerão - A iraniana Narges Mohammadi, Prémio Nobel da Paz, apelou hoje à comunidade internacional para "pôr fim ao silêncio e à inacção" face à opressão das mulheres no Irão, exactamente dois anos após a eclosão do movimento "Mulher Vida Liberdade", noticiou o site Notícias ao Minuto.

"Apelo às instituições internacionais e aos povos para que actuem. Exorto as Nações Unidas a pôr fim ao seu silêncio e inacção face à opressão e discriminação devastadoras perpetradas por governos teocráticos e autoritários contra as mulheres, criminalizando o apartheid de género", declarou Mohammadi, detida desde Novembro de 2021, numa mensagem transmitida por pessoas próximas nas redes sociais.

Domingo, Mohammadi anunciou que ela própria e 33 outras mulheres iniciaram uma greve de fome para assinalar, hoje, os dois anos da morte de Mahsa Amini, detida pela polícia de costumes iraniana, a 13 de Setembro de 2022, por alegadamente não estar a usar devidamente o véu islâmico, acabando por morrer, três dias depois, ainda sob custódia policial.

"De novo, as prisioneiras políticas e ideológicas de Evin (prisão nos arredores da capital iraniana) começaram uma greve de fome em solidariedade com o povo em protesto no Irão contra as políticas opressivas do governo" de Teerão, escreve.

A Nobel da Paz 2023 - uma das vozes mais importantes na defesa dos direitos humanos no Irão, condenada em seis ocasiões a um total de 13 anos e três meses de prisão e 154 chicotadas - já no sábado conseguira utilizar a rede social Instagram para divulgar o protesto de dezenas de detidas em Evin, clamando "mulher, vida, liberdade", o grito do movimento criado após a morte de Amini.

Segundo Mohammadi, as prisioneiras queimaram véus no pátio da prisão, ato habitual durante os protestos desencadeados após a morte de Amini.

A morte da activista foi seguida de protestos que duraram meses e foram brutalmente reprimidos pelas autoridades iranianas, com um balanço de 500 mortes, dez execuções e 22 mil detenções.

Sob as palavras de ordem "mulher, vida, liberdade", milhares de manifestantes pediram o fim do regime teocrático iraniano.
Domingo, centenas de pessoas marcharam em Paris para manifestar o seu apoio à sociedade civil iraniana.

Chirinne Ardakani, advogada franco-iraniana e membro do Colectivo de Justiça do Irão, afirmou, em declarações à AFP, que os "sacrifícios" feitos pelos iranianos que se opõem ao regime "não foram em vão".

"Tudo mudou no Irão, nas atitudes, na sociedade. Passámos de uma cultura absolutamente patriarcal, em que as mulheres não podiam revelar-se na rua, para um apoio maciço a estas mulheres", disse a activista.

A marcha, organizada por um grupo de cerca de 20 associações de defesa dos direitos humanos, também recebeu o apoio de Benjamin Brière e Louis Arnaud, dois franceses que foram presos e detidos arbitrariamente no Irão, antes de serem libertados em 

Maio de 2023 e em Junho passado, respectivamente.

O Irão é acusado de prender ocidentais sem motivo e de os utilizar como moeda de troca em negociações entre Estados. Os diplomatas franceses descrevem estes prisioneiros como "reféns do Estado".

Embora os protestos sejam agora limitados e esporádicos, as autoridades iranianas continuam a calá-los metodicamente: o Irão executou dez homens condenados à morte em processos ligados ao movimento, o último do qual, Gholamreza Rasaei, de 34 anos, foi enforcado em Agosto, poucos dias depois da tomada de posse do novo Presidente, Massoud Pezeshkian.

Os grupos de defesa dos direitos humanos denunciam igualmente o número crescente de execuções por todo o tipo de delitos, destinadas a criar medo e a dissuadir os opositores de qualquer predisposição para a dissidência.CQ/CS



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