Moscovo - O novo míssil balístico intercontinental russo Sarmat entrará ao serviço este ano, anunciou hoje o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, que prometeu dar ao exército os meios de que necessitar para a guerra contra a Ucrânia.
"Estamos a prestar particular atenção, como sempre, ao reforço da tríade nuclear. Este ano, os primeiros lançadores do sistema de mísseis Sarmat serão postos em serviço", disse Putin num vídeo por ocasião do Dia do Defensor da Pátria, citado pela agência francesa AFP.
A mensagem foi distribuída pelo Kremlin (presidência) na véspera do primeiro aniversário da guerra da Rússia contra a Ucrânia, país que invadiu em 24 de Fevereiro de 2022.
Os mísseis intercontinentais super-pesados do tipo Sarmat, apelidados de Satanás II pelos militares ocidentais, são capazes de transportar múltiplas ogivas nucleares, segundo a agência espanhola EFE.
Em Abril do ano passado, Putin descreveu o Sarmat como um míssil capaz de "provocar o fracasso de todos os sistemas antiaéreos" e que "fará reflectir duas vezes aqueles que tentam ameaçar" a Rússia.
Na mensagem em vídeo, Putin anunciou também a entrega às forças armadas de mísseis hipersónicos Kinzhal e Tsirkon.
Disse que o complexo industrial militar russo "continuará a produção em série dos sistemas de mísseis hipersónicos Kinzhal lançados do ar" e iniciará a "produção em massa de mísseis hipersónicos Tsirkon lançados do mar".
A Rússia lançou uma ofensiva em toda a Ucrânia há um ano, incluindo contra a capital, Kiev, mas as suas tropas acabaram por se concentrar no sul e no leste do país face à resistência das forças ucranianas.
Após revezes militares com pesadas baixas, Putin mobilizou pelo menos 300 mil reservistas a partir de Setembro, pelo que muitos observadores esperam uma nova grande ofensiva nas próximas semanas.
Na quarta-feira, Putin falou no palco do estádio principal de Moscovo, num grande concerto patriótico, dizendo que o exército russo estava a lutar na Ucrânia pelas "terras históricas" da Rússia.
Depois de ter anexado a Crimeia em 2014, a Rússia integrou no seu território as regiões ucranianas de Kherson, Zaporijia, Donetsk e Lugansk em 30 de Setembro do ano passado.
A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem a soberania da Rússia nas cinco regiões anexadas.
A recuperação daqueles territórios é uma das condições prévias exigidas por Kiev para participar em eventuais conversações de paz.
Moscovo rejeita essas condições e alega que Kiev tem de se adaptar à nova realidade.
A Rússia tem ameaçado recorrer a todas as armas, incluindo nucleares, para defender o seu território nacional, que integra agora, no ponto de vista de Moscovo, as cinco regiões ucranianas anexadas.