Beijing - O Presidente da China, Xi Jinping, elogiou hoje a "solidariedade" entre a China e o Irão, ao dar as boas-vindas em Beijing ao seu homólogo iraniano, Ebrahim Raissi, que iniciou uma visita oficial de três dias ao país asiático.
O Chefe de Estado, citado pela Televisão estatal chinês CCTV, afirmou que diante da situação complexa provocada pelas mudanças no mundo, dos tempos e da História, a China e o Irão apoiam-se, demonstram a sua solidariedade e a sua cooperação.
"A China apoia o Irão na salvaguarda da sua soberania nacional, independência, integridade territorial e dignidade nacional (...). A China apoia o Irão na resistência ao unilateralismo e à intimidação, opõe-se a forças estrangeiras que interferem nos assuntos internos do Irão e minam a segurança e a estabilidade do Irão", declarou ainda o líder chinês, ao dirigir-se a Ebrahim Raissi.
Esta é a primeira visita de Estado de um Presidente iraniano à China em mais de 20 anos.
Ebrahim Raissi, que viajou para Beijing com uma grande delegação com uma forte componente económica e comercial, foi recebido por Xi Jinping no Grande Palácio do Povo, próximo da Praça da Paz Celestial.
Após ouvirem os hinos dos respectivos países, os dois dirigentes passaram em revista a guarda de honra chinesa ao som de música militar.
Os dois países também assinaram hoje vários acordos de cooperação bilateral nas áreas de agricultura, comércio, turismo, protecção ambiental, saúde, socorro a desastres, cultura e desportos, segundo a CCTV.
Durante a visita, Ebrahim Raissi também terá encontros com empresários chineses e cidadãos iranianos residentes na China, segundo a agência de notícias oficial iraniana Irna.
Pequim assinou em 2021 um vasto acordo estratégico de 25 anos com Teerão. Esta importante parceria abrange áreas tão variadas como energia, segurança, infra-estruturas e comunicações.
A China é o maior parceiro comercial do Irão, de acordo com a agência de notícias Irna, que cita estatísticas das autoridades alfandegárias iranianas ao longo de 10 meses.
Neste período, os iranianos exportaram para a China 12,6 mil milhões de dólares (11,7 mil milhões de euros) em mercadorias e importaram 12,7 mil milhões de dólares (11,8 mil milhões de euros) de produtos chineses.
Pequim é um dos membros do grupo de diálogo que pretende relançar as negociações do acordo nuclear de 2015 entre o Irão e seis grandes potências (China, Rússia, Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido), bem como a União Europeia (UE).
Estas negociações, retomadas em Abril de 2021 em Viena, agora estão suspensas.
O diplomata Ali Bagheri, que supervisionou estas negociações para o Irão, está a acompanhar Ebrahim Raissi na China.
Em 2018, a administração do ex-Presidente norte-americano Donald Trump abandonou o acordo e reimpôs pesadas sanções a Teerão, que um ano depois respondeu com a aceleração dos seus esforços nucleares e o enriquecimento de urânio.
Esta visita do Presidente iraniano à China acontece quando o Irão está a viver uma vaga de protestos antigovernamentais, desencadeada pela morte em 16 de Setembro de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que estava sob a custódia da chamada polícia de costumes após ter sido detida por supostamente estar a usar o véu islâmico de forma incorrecta.MOY/JM