Palermo - A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, defendeu hoje (16), em Palermo, que 16 de Janeiro deveria ser declarado o dia nacional dedicado àqueles que combatem o crime organizado, depois de o chefe da máfia Matteo Messina Denaro ter sido detido naquela cidade.
"Estamos acostumados a lembrar, acima de tudo, aqueles que fazem o sacrifício final na luta contra a máfia", disse Giorgia Meloni aos jornalistas.
"Entretanto, há pessoas que sacrificam toda a sua existência para atingir esses objectivos. (...) Gostaria que hoje fosse o dia em que se celebra o trabalho destes homens e mulheres", afirmou.
"É uma proposta que vou fazer: um dia de festa para dizermos aos nossos filhos que a máfia pode ser derrotada", sublinhou.
A primeira-ministra italiana lembrou, entretanto, que a máfia ainda não foi derrotada.
"Não ganhamos a guerra. (...) Mas esta foi uma batalha fundamental para vencer e é um grande golpe para o crime organizado", afirmou, referindo-se à prisão do chefe da máfia Matteo Messina Denaro, considerado como o chefe da Cosa Nostra da Sicília.
Anteriormente, após ser divulgada a notícia da prisão de Denaro em Palermo, numa clínica em que recebia tratamento médico, Meloni disse que esta foi "uma grande vitória para o Estado, que demonstra que não se rende à máfia".
Meloni notou que a detenção ocorreu um dia depois de se assinalarem 30 anos da prisão de Totò Riina, outro chefe do crime organizado siciliano.
A chefe de Estado agradeceu "às forças policiais e, em particular, aos carabineiros, à Procuradoria Nacional Anti-máfia e à Procuradoria de Palermo pela captura do expoente máximo da delinquência mafiosa".
"O Governo garante que a luta contra a criminalidade mafiosa vai continuar, sem tréguas", acrescentou.
A captura do chefe mafioso, condenado à revelia a várias sentenças perpétuas pelos atentados da Cosa Nostra em 1993 e vários homicídios, ocorre após a intensificação das investigações levadas a cabo pelos procuradores de Palermo, Maurizio de Lucia e pelo procurador-adjunto Paolo Guido, refere a imprensa italiana.
Messina Denaro, 60 anos, deve cumprir as várias condenações pelos atentados de 1993 em Florença, Roma e Milão em que morreram, no total, 10 pessoas.
Denaro é também apontado pela justiça italiana como o "cérebro" do atentado à bomba que provocou a morte dos magistrados anti-máfia em 1992 Paolo Borsellino e Giovani Falcone e a mulher, Francesca Morvillo, e ainda dos oito agentes que compunham a escolta.
A última sentença refere o papel de Messina Denaro na "estratégia dos atentados da Cosa Nostra" para pressionar o Estado, nos anos 1990 e provou a participação directa do mafioso nos atentados de 1992, reivindicados por Totò Riina, e nos ataques de 1993 oro s por Bernado Provenzano, um outro chefe da máfia siciliana.
Após os atentados de 1993, Messina Denaro desapareceu e, após a prisão de Riina e Provenzano, considerou-se que comandava a Cosa Nostra a partir de um paradeiro desconhecido.