Phnom Penh - O primeiro-ministro do Cambodja,Hun Manet, inaugurou hoje a construção de um polémico canal, num projecto estimado em 1,55 mil milhões de euros, que irá ligar o rio Mekong ao Golfo da Tailândia, noticiou o site Noticias ao Minuto.
Este é um projecto histórico que deverá ser concluído "a todo o custo" até 2028, declarou Hun Manet, numa cerimónia realizada em Prek Takeo, a sudeste da capital Phnom Penh.
Perante milhares de pessoas que agitavam bandeiras do Cambodja, o líder e a mulher Pich Chanmony premiram juntos o botão que deu início aos trabalhos, às 09:09 (03:09 em Angola), hora considerada um bom presságio no país.
O primeiro-ministro estava rodeado por dirigentes que envergavam t-shirts com a imagem de Hun Manet e do pai, Hun Sen, que governou o reino com mão de ferro durante quase 40 anos, antes de entregar as rédeas ao filho no verão de 2023.
Hun Sen, que hoje celebra 72 anos, tinha defendido a construção do canal como uma dádiva que criará milhares de empregos e fortalecerá a autonomia e o prestígio do Cambodja, um dos países mais pobres da região.
O antigo primeiro-ministro, agora presidente do Senado, tem promovido nos últimos anos uma estratégia de desenvolvimento de infra-estruturas, muitas vezes com o apoio da China.
As autoridades do Cambodja sugeriram que a China Road and Bridge Corporation (CRBC) pagaria parte do projecto, mas a empresa estatal chinesa ainda não formalizou a sua participação.
Embora o Cambodja seja aliado da China, Hun Sen negou ainda que o canal faça parte da iniciativa "Uma Faixa, Uma Rota", um enorme projecto de infra-estruturas internacionais lançado pelo líder chinês Xi Jinping em 2013.
O futuro canal, com aproximadamente 180 quilómetros de comprimento, deverá permitir que os navios que navegam no Mekong cheguem ao Golfo da Tailândia sem passar pelo Vietname, onde se situa a foz do maior rio do Sudeste Asiático.
Críticos têm respondido aos benefícios económicos apregoados pelo Governo do Cambodja com dúvidas sobre a utilização do canal, o seu financiamento e o seu impacto no caudal do Mekong.
O Vietname já solicitou formalmente esclarecimentos ao Cambodja sobre o impacto do projecto no Mekong.
Por outro lado, os moradores que vivem na rota prevista para o canal denunciaram à agência de notícias France-Presse a falta de transparência das autoridades sobre as condições do seu realojamento e uma eventual indemnização.
Defensores dos direitos humanos acusaram o Governo do Cambodja de obrigar cidadãos afectados por outros projectos de infra-estruturas a aceitar indemnizações mínimas. CQ/GAR