Londres - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, admitiu hoje, quarta-feira, analisar "todas as medidas" necessárias para ajudar os britânicos com o aumento do custo de vida, embora continue a rejeitar um imposto extraordinário sobre as petrolíferas
“Analisaremos todas as medidas que precisarmos tomar para ajudar as pessoas, mas a única razão pela qual podemos fazer isso é porque tomámos as decisões difíceis que foram necessárias durante a pandemia”, afirmou, durante o debate semanal no Parlamento.
Johnson defendeu uma “abordagem sensata, orientada pelo impacto no investimento e postos de trabalho” para recusar um imposto extraordinário sobre as petrolíferas, que estão a beneficiar do aumento dos preços dos hidrocarbonetos nos mercados internacionais.
“Um imposto extraordinário sobre os enormes lucros do petróleo angariaria milhões de libras para reduzir as contas de energia em todo o país”, argumentou Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, a principal força da oposição.
Starmer acusou o primeiro-ministro de não perceber “o que as famílias trabalhadoras estão a passar neste país, com dificuldades em pagar as contas”.
“Todos os dias que ele atrasar a inevitável marcha atrás, que vai ter de fazer, está a escolher deixar as pessoas passar dificuldades que não precisariam”, vincou.
O Governo britânico está sob pressão para apresentar um orçamento de emergência ou novas medidas para combater o aumento de custo de vida, que tem vindo a subir acentuadamente há vários meses.
A taxa de inflação no Reino Unido atingiu os 9% em Abril, contra 7% no mês anterior, e é a taxa mais alta desde 1982, segundo dados divulgados hoje pelo Gabinete de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês).
A inflação foi impulsionada pelo aumento dos preços dos bens e serviços de uso diário em Abril, alimentado pela guerra na Ucrânia, e principalmente por um aumento sem precedentes de 54% no limite máximo dos preços dos produtos energéticos, que entrou em vigor no início do mês.
O ‘Brexit’ e o impacto da pandemia de covid-19 nas redes de abastecimento e no mercado de trabalho são outros dos factores apontados por diferentes economistas.
Depois da divulgação do novo número da inflação, o ministro das Finanças britânico, Rishi Sunak, disse aos meios de comunicação locais que, embora o Governo não possa “proteger totalmente os cidadãos” dos problemas globais que contribuíram para a taxa de 9%, está “pronto para tomar novas medidas”.
Para conter a inflação crescente, o Banco de Inglaterra aumentou recentemente as taxas de juro no Reino Unido de 0,75% para 1%, o nível mais elevado em 13 anos, a quarta subida consecutiva em cinco meses.