Faixa de Gaza - Pelo menos 20 palestinianos morreram este domingo num bombardeamento israelita numa escola que pertence à agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) e albergava civis deslocados, em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, disseram fontes locais.
"Aviões da Força Aérea israelita atacaram a escola Ahmed Abdel Aziz, que acolhia pessoas deslocadas no oeste de Khan Yunis", informou a Defesa Civil do enclave palestiniano, que pouco depois confirmou ter começado a retirar cadáveres de entre os escombros, segundo a EFE.
O ataque ocorreu hoje à noite, próximo do Centro Médico Nasser, no sul da cidade, segundo a agência noticiosa palestiniana WAFA.
Vídeos partilhados nas redes sociais após o bombardeamento mostram cenas de pânico, com dezenas de homens e algumas mulheres, apressados, a acorrerem ao local, onde continua a haver incêndios activos, entre gritos, envolvendo corpos em cobertores ou tentando juntar os restos mortais dispersos das vítimas.
Pouco depois do ataque, o movimento islamita palestiniano Hamas, desde 2007 no poder na Faixa de Gaza, divulgou um comunicado indicando que o número de mortos no território ultrapassou hoje os cem.
Questionado pela agência de notícias espanhola EFE sobre o bombardeamento em causa, o Exército israelita disse estar "a rever o caso".
O dia começou no enclave com um ataque semelhante no norte, quando aviões atingiram a escola Jalil Owaidah, em Beit Hanun, parte da área que está sob cerco do Exército israelita há mais de dois meses.
Embora as primeiras estimativas apontassem para 15 mortos, o Governo do Hamas afirmou que o número de mortos no centro da cidade aumentou para 43.
A Faixa de Gaza é cenário de conflito desde 07 de Outubro de 2023, data em que Israel ali declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e fazendo também 251 reféns, 96 dos quais continuam em cativeiro, 36 deles entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.
A guerra, que hoje entrou no 436.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 44.976 mortos (cerca de 2% da população), entre os quais mais de 17.000 menores, e 106.759 feridos.
Além de cerca de 11.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números actualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de 14 meses de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.
Uma comissão especial da ONU acusou há três semanas Israel de genocídio na Faixa de Gaza e de estar a utilizar a fome como arma de guerra, acusação logo refutada pelo Governo israelita. GAR