Vaticano - O Papa Francisco, numa entrevista exclusiva à Reuters realizada no sábado, negou as notícias que têm surgido e que dão conta de que o chefe máximo da Igreja Católica planeia renunciar ao cargo num futuro próximo - e acrescentou estar num bom caminho para visitar o Canadá este mês.
As declarações surgiram depois de vários rumores terem circulado nos media acerca de uma possível demissão, na sequência de uma conjunção de acontecimentos em final de Agosto - incluindo reuniões com os cardeais para discutir uma nova constituição do Vaticano, uma cerimónia para a oficialização de novos cardeais e uma visita à cidade italiana de L'Aquila, anteriormente visitada por Papas que planeavam renunciar ao cargo.
Porém, questionado quanto a essa possibilidade, o Papa Francisco riu-se da ideia: "Todas estas coincidências fizeram alguns pensar que a mesma 'liturgia' iria acontecer", apontou. "Mas isso nunca me passou pela cabeça. De momento, não, de momento, não. Realmente!"
O chefe máximo do Vaticano voltou a destacar, no entanto, que um dia poderá mesmo ter de demitir-se caso as suas condições de saúde o impossibilitem de dirigir a Igreja Católica. Questionado acerca de quando acha que tal pode vir a acontecer, referiu: "Não sabemos. Deus dirá".
Na mesma entrevista, o Papa Francisco negou ainda os rumores que davam conta de que teria cancro - brincando que os seus médicos não lhe "disseram nada sobre isso".
Abordando o tema da guerra na Ucrânia, o principal rosto da Igreja Católica explicou que já foram feitos contactos entre o Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, e Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russo, acerca de uma possível viagem a Moscovo.
O panorama não se afigurava, até ao momento, animador. O chefe máximo do Vaticano tem condenado repetidamente a invasão sobre a Ucrânia e o Kremlin tinha já dito, há vários meses, que não era o momento certo para levar a cabo essa visita. Porém, o Papa veio agora revelar que algo pode ter mudado.
"Eu gostaria de ir [à Ucrânia] e queria ir primeiro a Moscovo. Trocámos mensagens sobre o assunto, porque pensei que se o presidente russo me desse uma pequena janela para servir a causa da paz...", começou por explicar.
"E agora é possível, depois de regressar do Canadá, é possível que eu consiga ir à Ucrânia", acrescentou ainda. "A primeira coisa é ir à Rússia para tentar ajudar de alguma forma, mas eu gostaria de ir a ambas as capitais", concluiu.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de Fevereiro e a ofensiva militar já matou mais de quatro mil civis, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, a organização alerta que o número real de vítimas poderá ser muito superior, dadas as dificuldades em contabilizar baixas civis em territórios controlados ou sitiados pelos russos.