Nova Iorque: A Síria informou as Nações Unidas que não participará na próxima ronda negocial internacional sobre o país "enquanto não forem satisfeitas as exigências da Federação Russa", disse hoje a porta-voz da mediação da ONU.
A nona ronda de conversações para uma nova Constituição para a Síria deveria ter começado a 25 de julho, em Genebra, sob a égide do mediador da ONU, o diplomata norueguês Geir Pedersen, mas a porta-voz da mediação, Jenifer Fenton, disse hoje que a delegação síria já informou que não participará "enquanto não forem satisfeitas as exigências da Federação Russa", que não especificou.
Fontes próximas da mediação, citadas pela agência noticiosa France-Presse (AFP), adiantaram que uma das objecções passa por Moscovo considerar que a Suíça deixou de ter uma posição neutra, uma vez que também aprovou sanções contra responsáveis russos na sequência da invasão da Ucrânia, em fevereiro passado.
A Síria e a Rússia são aliadas há décadas, mas as relações entre ambos foram significativamente fortalecidas pelo conflito sírio e pela intervenção militar de Moscovo, a partir de 2015, ao lado do regime de Bashar al-Assad.
A porta-voz da mediação lembrou que Pedersen informou quinta-feira o Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação, considerando que o adiamento da reunião em Genebra é "lamentável e desencorajador", sobretudo porque se baseia em "questões não relacionadas com o caso da Síria".
Fenton acrescentou que Pedersen exortou as partes a "isolarem o processo sírio do impacto dos conflitos que se desenrolam em outras partes do mundo" e a "porem os interesses dos sírios em primeiro lugar".
A porta-voz lembrou que, quando a comissão de mediação foi criada, em 2018, uma das condições era que as reuniões seriam realizadas em Genebra "sem interferência estrangeira".
No final da oitava ronda de negociações, realizada no início de junho, Pedersen lamentou os "poucos progressos" então registados, realçando a existência de "divergências significativas" nalguns pontos.
Desencadeada pela repressão às manifestações pró-democracia, em 2011, a guerra na Síria já provocou cerca de meio milhão de mortes, devastou as infraestruturas do país e levou à fuga de milhões de pessoas.