Nova Iorque - Peritos das Nações Unidas (ONU) apelaram hoje (segunda-feira) aos Estados Unidos da América para desbloquearem sete mil milhões de dólares em fundos do banco central do Afeganistão face à "situação humanitária alarmante" do país.
"Exortamos o governo dos EUA a ter em conta a grave crise humanitária no país e a reconsiderar a sua decisão de bloquear os bens ultramarinos do Da Afghanistan Bank", pode ler-se numa declaração assinada por 14 relatores de direitos humanos da ONU e outros peritos.
Segundo estes elementos, mais de metade da população afegã está em risco devido à crise humanitária no país, "exacerbada pelas medidas impostas pelos EUA, pela seca e pela crescente discriminação contra as mulheres pelas autoridades talibãs", numa situação acentuada pelo isolamento internacional.
Estima-se que 95 por cento da população afegã não consome diariamente alimentos suficientes e que cerca de 23 milhões de afegãos estão em situação de insegurança alimentar. Existem ainda quatro milhões de pessoas deslocadas internamente e aproximadamente 3,5 milhões de afegãos refugiados nos países vizinhos, de acordo com os peritos.
Em Dezembro, o Conselho de Segurança da ONU adoptou uma resolução que prevê isenções humanitárias às sanções contra o regime talibã, que assumiu o poder em Agosto de 2021, mas os peritos da ONU garantiram que tal não se traduziu num reatamento do comércio e dos fluxos financeiros com o Afeganistão e notaram que as instituições humanitárias estão a ter dificuldades em operar no país.
Entre os peritos que fizeram este pedido encontram-se os relatores da ONU para o direito ao desenvolvimento (Saad Alfarargi), para a pobreza extrema (Olivier de Schutter) e contra a violência contra as mulheres (Reem Alem), entre outros.