Porto Príncipe - O coordenador humanitário das Nações Unidas, Ulrika Richardson, advertiu quinta-feira para possíveis casos de cólera no Haiti, pedindo a criação de um “corredor” para assegurar a entrega de água potável à população.
O país anunciou no domingo os primeiros casos de cólera em três anos, já com pelo menos sete mortes provocadas pela doença.
Onze casos estão confirmados e 111 são suspeitos, mas "os números podem ser muito mais elevados", disse a coordenadora humanitária da ONU no Haiti, Ulrika Richardson, numa conferência de imprensa por vídeo, observando que os casos parecem, estar confinados à capital, Porto Príncipe.
Mais de dez mil pessoas morreram no Haiti entre 2010 e 2019 devido a uma epidemia de cólera.
Desde o anúncio pelo primeiro-ministro, Ariel Henry, em 11 de Setembro, de um aumento do preço dos combustíveis, o país, já em crise, tem sido palco de mais violência, pilhagens e manifestações.
Desde meados de Setembro, o terminal petrolífero de Varreux, o mais importante do país, está bloqueado por bandos armados.
"Isto significa que todo o país está a ficar sem combustível", obrigando alguns serviços de saúde a encerrar, impedindo a recolha de lixo, sublinhou a responsável da ONU.
Ulrika Richardson acrescentou que "o abastecimento de água está a ser interrompido".
Lembra que a água potável é uma das principais condições para conter uma epidemia provocada por uma bactéria que se transmite através da água e a sua distribuição em condições adequadas pode "salvar vidas".
A ONU e outras organizações humanitárias presentes no terreno apelaram na quinta-feira para a "criação imediata de um corredor humanitário que permita o abastecimento de combustível e satisfaça as necessidades urgentes da população".
Este é um apelo ao Governo, que "deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para desbloquear o terminal", mas também "um apelo para dizer àqueles que o estão a bloquear que estão literalmente a matar pessoas" e à comunidade internacional”, concluiu Ulrika Richardson.