Paris - A coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) denunciou hoje a "grave inacção" do Presidente francês, Emmanuel Macron, na nomeação de um novo primeiro-ministro, na véspera de uma reunião no Eliseu destinada a desbloquear o impasse.
Passadas sete semanas desde as eleições legislativas, a França tem sido dirigida por um governo demissionário encarregue de gerir os assuntos correntes, e a pressão sobre Emmanuel Macron está a aumentar para pôr fim a este período sem precedentes no país.
Numa carta dirigida aos franceses, os quatro partidos da NFP lamentam que Macron esteja a "hesitar em vez de tirar as consequências" das eleições legislativas, que viram a esquerda unida obter o maior número de deputados (193), à frente do partido presidencial (165) e da extrema-direita (143), mas longe da maioria absoluta de 289 deputados.
Com o resultado das eleições legislativas, os quatro partidos da NFP, que afirmam estar "prontos a governar", ultrapassaram as suas divergências para propor como primeira-ministra a economista Lucie Castets, de 37 anos, uma alta funcionária pública desconhecida do grande público.
O resultado das eleições legislativas antecipadas "obriga, antes de mais, aqueles que o provocaram", escrevem os dirigentes de esquerda, referindo-se à dissolução da Assembleia Nacional francesa decidida a 09 de Junho por Emmanuel Macron, após o resultado das eleições europeias que deram a vitória ao partido de extrema-direita União Nacional (RN, sigla em francês).
Os representantes do NFP dizem estar "convencidos" de que a falta de maioria absoluta não será um obstáculo e reafirmam uma série de pontos do seu programa sobre a diplomacia.
Os signatários da carta serão recebidos na sexta-feira, às 10h30 locais (09h30 de Angola), no Eliseu, antes dos representantes da direita e os de Macron, à tarde. Já os representantes da extrema-direita serão convidados na segunda-feira, dia 26 de Junho. JM