Manágua - O Governo da Nicarágua, presidido por Daniel Ortega, libertou na quarta-feira 12 sacerdotes da prisão e os enviou para o Vaticano, depois de um acordo com a Igreja católica.
O Governo nicaraguense explicou que "depois de manter conversações frutíferas com a Santa Sé" foi alcançado um acordo para a transferência para o Vaticano de 12 sacerdotes "que, por diferentes razões, foram processados, e que viajaram para Roma, Itália, esta tarde" (de quarta-feira), de acordo com um comunicado.
As autoridades indicaram que o acordo alcançado "representa a vontade e o compromisso permanente de encontrar soluções, em reconhecimento e encorajamento de tanta fé e esperança que sempre anima os crentes nicaraguenses, que são a maioria", acrescentou.
A lista não inclui o bispo Rolando Álvarez, condenado em Fevereiro a mais de 26 anos de prisão por "traição", depois de se ter recusado a ser expulso da Nicarágua para os Estados Unidos, juntamente com 222 presos políticos.
Álvarez, bispo da diocese de Matagalpa e administrador apostólico da diocese de Estelí, ambas no norte da Nicarágua, foi condenado a 26 anos e quatro meses de prisão, perdeu a nacionalidade e viu os direitos de cidadania suspensos para sempre por crimes de traição.
A sentença foi proferida um dia depois de se ter recusado a embarcar num avião que o levaria, juntamente com 222 presos políticos, para os Estados Unidos, o que provocou a indignação do Presidente Ortega, que o apelidou de "arrogante, desequilibrado e louco".
Um mês depois da condenação de Álvarez, o papa Francisco descreveu o Governo de Ortega na Nicarágua como uma "ditadura grosseira", de acordo com uma entrevista concedida a 10 de Março.
"Com grande respeito, não tenho outra alternativa senão pensar que existe um desequilíbrio na pessoa que lidera Ortega. Temos aqui um bispo na prisão, um homem muito sério, muito capaz. Ele quis dar seu testemunho e não aceitou o exílio", disse Francisco.
Ortega, que descreveu a Igreja como uma "máfia", cortou relações com o Vaticano.
Em Julho passado, o bispo foi libertado por algumas horas da prisão "La Modelo", mas voltou à prisão depois de se recusar a deixar a Nicarágua.
Álvarez é o primeiro bispo a ser detido, acusado e condenado desde que Ortega regressou ao poder na Nicarágua em 2007. De 1979 a 1985, Daniel Ortega liderou uma junta governamental, tendo ocupado a presidência do país, pela primeira vez, entre 1985 e 1990. CNB/CS