Erevan - A Arménia instou hoje o Azerbaijão a assinar um acordo de paz, definido há uma semana, entre os dois países do Cáucaso, que travaram duas guerras por causa do enclave de Nagorno-Karabakh.
"O esboço do acordo de paz entre a Arménia e o Azerbaijão foi acertado e aguarda assinatura", escreveu o primeiro-ministro arménio, Nikol Pachinian, na plataforma de mensagens Telegram.
"Proponho ao presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, que inicie consultas sobre a assinatura do acordo de paz, cujo projecto foi aprovado" por ambas as partes, enfatizou.
Pachinian afirmou ainda que tinha instruído o Ministério da Defesa para impedir qualquer violação do cessar-fogo entre as partes, aludindo às recentes trocas de tiros relatadas por Baku na fronteira comum.
"A Arménia está a caminhar para a paz, não para a guerra", concluiu.
Os comentários do primeiro-ministro arménio surgiram depois de o Governo do Azerbaijão ter apelado ao fim dos disparos militares arménios contra posições azeris como "pré-requisito" para a assinatura do acordo de paz.
No entanto, as autoridades arménias negaram o incidente e consideraram as alegações como desinformação.
Em 13 de Março, Azerbaijão e Arménia definiram um acordo de paz na sequência de negociações destinadas a pôr um fim a décadas de conflito entre os dois países rivais do Cáucaso.
Os dois países travaram duas guerras, uma vencida pela Arménia após a queda da URSS, no início da década de 1990, e a outra vencida pelo Azerbaijão, em 2020.
Ambos os conflitos foram travados pelo controlo da região de Nagorno-Karabakh, no Azerbaijão.
As forças do Azerbaijão reconquistaram finalmente toda a região aos separatistas arménios em Setembro de 2023, após uma ofensiva militar relâmpago.
Arménios e azeris têm estado envolvidos numa série de confrontos transfronteiriços desde a sua independência da URSS, em 1991.
A Rússia, a União Europeia (UE) e os Estados Unidos têm estado envolvidos em esforços de mediação em várias ocasiões.
As negociações bilaterais decorrem há vários anos e têm sido marcadas por períodos de progresso e de tensão.
Em Janeiro, Nikol Pachinian anunciou progressos, mas sublinhou que dois artigos continuavam pendentes.
O chefe da diplomacia do Azerbaijão, por seu lado, garantiu que "a Arménia aceitou as propostas do Azerbaijão sobre os dois artigos do tratado de paz".
Segundo a mesma fonte, o Azerbaijão espera que a Arménia altere a sua Constituição, que faz referência à declaração de independência, um documento que menciona os pontos de vista de Erevan sobre Nagorno-Karabakh.
A Arménia já reconheceu a soberania do Azerbaijão sobre esta região montanhosa.
Na sequência da ofensiva azeri de Setembro de 2023, Baku recuperou o controlo de Nagorno-Karabakh, forçando a fuga de quase toda a população de etnia arménia, cerca de 100 mil pessoas.CS