Yangon - Um tribunal da junta militar de Myanmar condenou hoje, quarta-feira, a líder civil Aung San Suu Kyi a cinco anos de prisão por uma acusação de corrupção, um dos vários processos que podem deixá-la na cadeia por várias décadas, anuncia a AFP.
A vencedora do Nobel da Paz de 1991, de 76 anos, já havia sido condenada a seis anos de prisão pelas acusações de incitação contra os militares, violação das regras contra covid-19 e desrespeito a uma lei de telecomunicações.
Mas permanecerá em prisão domiciliar enquanto enfrenta outros processos.
No caso que teve o veredicto anunciado hoje, Aung San Suu Kyi foi acusada de aceitar suborno de USD 600 mil (1 USD equivale Kz 400.00) e lingotes de ouro.
Depois de vários dias de atraso, um tribunal especial da capital construída pela ditadura militar, Naipyidaw, divulgou o veredicto e a sentença na manhã desta quarta-feira.
"A respeito da acusação de aceitar ouro e dólares de U Phyo Min Thein, a corte a sentencia a cinco anos de prisão", afirmou à AFP o porta-voz da junta, Zaw Min Tun,
Acrescentou que "ela vai permanecer na prisão domiciliar. Não sei se ela decidiu recorrer, eles estão a trabalhar legalmente. Até onde sei, ela está com boa saúde".
Os jornalistas não tiveram acesso aos julgamentos contra a líder civil birmanesa e os seus advogados estão proibidos de dar entrevistas.
Suu Kyi ainda é alvo e uma ampla série de acusações, que incluem violação da lei de sigilo, corrupção e fraude eleitoral, entre outras, que podem acarretar em uma pena global de mais de 100 anos de prisão.
Em Março, ela não compareceu a três dias de audiências por ter permanecido em quarentena depois de um contágio de covid-19 entre os seus funcionários.
Durante um governo militar anterior, Suu Kyi passou longos períodos em prisão domiciliar na residência da sua família em Yangon, a maior cidade birmanesa.
Actualmente ela está detida num local não revelado da capital. Os contactos com o exterior se limitam a breves encontros com os advogados antes dos julgamentos.
Milícias civis O golpe de Fevereiro de 2021 gerou protestos e revolta em todo o país, que os militares reprimiram com violência.
Desde o golpe, mais de 1.700 pessoas morreram e mais de 13.000 foram detidas na repressão contra os dissidentes, segundo uma ONG local que monitora a situação.
Suu Kyi foi o rosto das esperanças democráticas de Mianmar durante mais de 30 anos, mas a sua condenação anterior de seis anos de prisão a impediria de disputar as eleições que a junta afirma que organizará em 2023.