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Mulheres turcas manifestam-se contra julgamento de associação feminista

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  • Luanda • Quarta, 01 Junho de 2022 | 13h40

Istambul - Centenas de mulheres manifestaram-se, nesta quarta-feira, em frente a um tribunal em Istambul antes da abertura de um julgamento que pode resultar na dissolução de uma destacada associação de defesa dos direitos das mulheres, constatou hoje a AFP.

“Nunca estarás sozinha!", "Vamos acabar com os feminicídios!", gritavam as manifestantes, agitando bandeiras roxas, a cor do movimento feminista na Turquia.


Em Abril, um procurador de Istambul decidiu processar a associação We Will Stop Feminicide (Vamos acabar com o feminicídio) e solicitar a sua dissolução por "actividades contra a lei e a moral".


Nursel Inal, uma das responsáveis pela associação, declarou ser político o julgamento, cuja primeira audiência começou na manhã de hoje, em Istambul.


"Existe um movimento de mulheres muito organizado na Turquia e acreditamos que este julgamento é um ataque à luta das mulheres pelos seus direitos", disse Nursel Inal à agência France Presse, diante do tribunal.


Na origem do julgamento estão queixas apresentadas por indivíduos que acusam membros da associação de "destruir a família sob o pretexto de defender os direitos das mulheres".


A organização publica regularmente relatórios sobre os assassínios de mulheres no país.


A associação também organizou diversas manifestações pela manutenção da Turquia na Convenção de Istambul, tratado internacional que estabelece o quadro legal e institucional para o combate à violência de género, da qual o país se retirou em 2021.


O Governo turco justificou a sua decisão de abandonar o tratado por este incentivar a homossexualidade e ameaçar a estrutura familiar tradicional.


Segundo a plataforma, 160 mulheres foram mortas nos primeiros seis meses de 2022 na Turquia, a maioria delas por familiares. O número de vítimas de feminicídio no ano passado foi de 423.


"Estamos sob pressão do Governo porque tornamos cada feminicídio visível, publicando os nomes das mulheres mortas uma a uma", sublinhou Inal.


"Os nossos relatórios contradizem a afirmação do Governo de que o número de feminicídios caiu", sublinhou a responsável da organização.
 





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