Moscovo - A diplomacia russa saudou hoje o cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah no Líbano, mas deixou dúvidas que o compromisso negociado por iniciativa dos países ocidentais possa "funcionar realmente", noticiou o site Notícias ao Minuto.
"Vemos de forma positiva qualquer acordo que permita parar a espiral de violência, que possa parar o derramamento de sangue no Líbano e impedir a expansão das hostilidades. Mas estes devem ser capazes de funcionar realmente", defendeu a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.
A reacção surgiu depois da maioria das grandes potências mundiais comentarem a trégua, negociada por iniciativa dos Estados Unidos e da França e que entrou hoje em vigor.
"Infelizmente, apesar dos esforços da comunidade internacional, a situação na zona do conflito israelo-palestino e outras regiões do Médio Oriente afectadas pela crise continua a deteriorar-se", acrescentou Zakharova, destacando a "crise" em Gaza.
A Rússia, historicamente próxima de Israel, onde vive uma importante diáspora russa, reforçou nos últimos meses os seus laços com o Irão, inimigo de Telavive e apoiante do Hezbollah.
A trégua de 60 dias entrou em vigor às 04:00 de hoje locais (02:00 em Lisboa), após mais de um ano de combates entre o grupo pró-iraniano e Israel, que causou milhares de mortos.
O acordo prevê uma retirada gradual do grupo xiita libabês Hezbollah e das tropas israelitas do sul e o envio do exército libanês para a fronteira.
Ao abrigo do acordo, os membros do Hezbollah devem retirar-se para norte do rio Litani e os Estados Unidos e a França trabalharão para que até 10.000 soldados libaneses sejam destacados para o sul do país "o mais rapidamente possível", segundo o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati.
Após quase um ano de trocas de tiros ao longo das regiões transfronteiriças entre os dois países desde 08 de Outubro de 2023, um dia depois de o grupo islamita palestiniano Hamas ter atacado o sul de Israel, as forças israelitas deslocaram em Setembro passado o foco das suas operações da Faixa de Gaza para o Líbano.
Segundo o Ministério da Saúde Publica libanês, mais de 3,7 mil pessoas morreram no país desde Outubro de 2023, a maioria nos últimos dois meses, e acima de 1,2 milhões de habitantes estão deslocados.
Do lado israelita, 82 militares e 47 civis foram mortos em quase 14 meses de hostilidades.
O Hezbollah começou a bombardear Israel a partir do sul do Líbano para apoiar o grupo extremista palestiniano Hamas, que atacou território israelita em 07 Outubro de 2023 e enfrenta, desde então, uma ofensiva israelita em Gaza.
Em Setembro, Israel intensificou o bombardeamento do Líbano, a que se seguiu uma invasão do sul do país vizinho. MOY/AM