Moscovo - A Rússia declarou hoje que os resultados das eleições presidenciais e do referendo sobre a adesão à União Europeia (UE), realizado domingo na Moldova, apresentam "anomalias" e levantam muitas questões.
"Foram observadas anomalias nos resultados da votação na Moldova, devido ao aumento de votos a favor da (Presidente moldava Maia) Sandu e da integração europeia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na sua conferência telefónica diária, Anadolu News.
Peskov referiu-se à mudança nos resultados da votação à medida que a contagem estava a avançar, o que ampliou a vantagem de Sandu sobre o seu adversário mais próximo, o pró-russo Alexander Stoianoglo, e com uma viragem a favor do "sim" no referendo sobre a entrada da Moldova na UE.
"Os indicadores que vemos hoje, que estamos a acompanhar, e a dinâmica das suas mudanças, com certeza, levantam muitas questões", sublinhou.
O porta-voz do Kremlin (presidência) acrescentou que é "difícil explicar o ritmo do aumento mecânico dos votos a favor de Sandu e a favor dos participantes no referendo que defendem a orientação pró União Europeia".
Insistiu que "qualquer observador que tenha a mínima compreensão da essência dos processos políticos pode detectar estas anomalias com o aumento destes votos".
Peskov pediu também a Maia Sandu que apresentasse provas de interferência estrangeira nos processos eleitorais que denunciou na noite de domingo.
Após o início do escrutínio que dava uma clara vitória aos adversários da entrada da Moldova na União Europeia, Sandu denunciou a fraude.
"Temos provas e informações de que um grupo criminoso pretendia comprar 300 mil votos. Esta é uma fraude sem precedentes cujo objectivo é comprometer a democracia”, disse.
Entretanto, o seu objectivo é semear o medo e o pânico na sociedade, afirmou a Presidente numa brevíssima aparição perante os meios de comunicação social.
Sandu sublinhou que "hoje, tal como nos últimos meses, a liberdade e a democracia na Moldova estão sob ataques sem precedentes".
Grupos criminosos, associados a forças estrangeiras, atacaram o nosso país com mentiras e propaganda (...). Não deixaremos de defender a liberdade e a democracia. Aguardaremos os resultados definitivos e voltaremos com soluções", acrescentou.
O porta-voz do Kremlin indicou que se trata de uma "acusação bastante grave", pelo que "deveriam ser apresentadas algumas provas ao público".
Maia Sandu, de 52 anos, ficou em primeiro lugar (cerca de 40% dos votos) na primeira volta das eleições presidenciais, mas prepara-se para uma segunda volta difícil, em 03 de Novembro, com Alexander Stoianoglo.
Em relação ao referendo sobre o princípio de adesão à UE, depois de uma longa corrida à frente do "não", o "sim" levou finalmente a melhor na manhã de hoje (50,28%), por alguns milhares de votos, graças ao voto da diáspora, após a contagem de quase 99% dos votos. GAR