Conflito Israel-Hamas

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  • Luanda • Quarta, 22 Novembro de 2023 | 19h00

Lisboa - Os EUA e a Rússia saudaram quarta-feira o acordo entre Israel e o movimento islamita Hamas para uma trégua de quatro dias, com início na manhã desta quinta-feira, visando a libertação de reféns em Gaza e prisioneiros palestinianos.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, disse que estava “extraordinariamente satisfeito” com a possível libertação de reféns sequestrados em Israel por militantes do Hamas, em 07 de Outubro, no âmbito de um acordo aprovado pelo governo israelita.

O líder norte-americano elogiou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pelo seu “compromisso” com “uma pausa prolongada para garantir que este acordo possa ser plenamente executado e garantir o fornecimento de ajuda humanitária adicional para aliviar o sofrimento das famílias palestinianas inocentes em Gaza”.

O estadista do EUA indicou também que a “maior prioridade” é garantir a segurança dos reféns norte-americanos.

“Desde os primeiros momentos do ataque brutal do Hamas, a minha equipa de segurança nacional e eu temos trabalhado em estreita colaboração com os parceiros regionais (…) Não vou parar até que todos sejam libertados”, sublinhou Biden.

A Rússia também demonstrou satisfação pelo acordo, sublinhando que “isto é exactamente aquilo a que a Rússia apelou desde o início da escalada do conflito”.

A Rússia “saúda o acordo entre Israel e o Hamas sobre uma pausa humanitária de quatro dias”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakarova, citada por agências de notícias do país.

Esta trégua surge após semanas de pressão crescente por parte da comunidade internacional e dos principais organismos internacionais, como as Nações Unidas, para pôr termo aos ataques incessantes, que também já causaram mais de 1,5 milhões de deslocados.

 Hamas "derrubou" Israel com ataques, diz Irão

O líder supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei, declarou que o Hamas "derrubou" Israel com os ataques de 07 de Outubro e sublinhou que o bombardeamento israelita da Faixa de Gaza "encurtou a vida do regime usurpador". 

"Um grupo palestino de resistentes, e não um governo ou um país bem equipado, conseguiu derrubar o regime usurpador sionista, que dispunha de muitos recursos", afirmou Khamenei durante um encontro com atletas iranianos, a quem aplaudiu a decisão de não competir contra Israel em eventos internacionais, indicou um comunicado divulgado pelo seu gabinete.

"Mostram força ao retaliarem bombardeando hospitais e escolas em Gaza. Isto é semelhante a um atleta que perde uma competição e responde agredindo e insultando os adeptos da equipa rival", disse Khamenei, que sublinhou que Israel "deve saber que a opressão e as atrocidades não ficarão sem resposta". 

"Estes bombardeamentos encurtam a vida do regime usurpador", afirmou.

Suíça vai considerar Hamas grupo terrorista

O Governo Federal suíço decidiu proibir o movimento palestino Hamas através de um projecto de lei apresentado ao Parlamento que vai ser votado, em 2024, indica um comunicado oficial divulgado hoje.

O Conselho Federal (Governo) "decidiu redigir a lei com o objectivo de proibir o Hamas, considerando que esta opção é a melhor solução para a situação que se vive desde 07 de Outubro no Médio Oriente" e para os ataques sem precedentes do movimento em território israelita.

Em Outubro, quatro dias após o ataque, que fez 1200 mortos, sobretudo civis, do lado israelita e cerca de 240 reféns, o Conselho Federal "considerou que o Hamas deve ser classificado como organização terrorista".

"Esta lei vai dar às autoridades federais os instrumentos adequados para combater quaisquer actividades do Hamas ou o apoio a esta organização na Suíça", explicou o Governo no comunicado de imprensa.

Os diferentes ministérios suíços envolvidos no processo devem apresentar um projecto de lei federal até ao final de Fevereiro de 2024.

Adolescentes dominam lista de palestinianos para troca por reféns

Os palestinianos que poderão ser libertados no âmbito do acordo entre Israel e o Hamas são maioritariamente adolescentes, segundo uma lista oficial divulgada hoje pelas autoridades israelitas.

A primeira fase prevê a libertação de 50 reféns israelitas e 150 prisioneiros palestinianos durante quatro dias. Poderão seguir-se outras trocas na mesma proporção de três para um.

Israel publicou os nomes de 300 detidos palestinianos susceptíveis de serem libertados, entre as quais 33 mulheres, 123 adolescentes e 144 homens com cerca de 18 anos, segundo a agência francesa AFP.

O mais novo é Adam Abouda Hassan Gheit, 14 anos, de Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel, que foi detido em Maio por "sabotagem (...), agressão a um agente da polícia e lançamento de pedras".

A mais velha é uma mulher de 59 anos, Hanan Salah Abdallah Barghouti, detida em Setembro por "actividades ligadas ao Hamas, incluindo transferências de dinheiro".

Dos 300 detidos, 49 são membros do Hamas, 60 do Fatah, o partido do presidente da Autoridade Palestiniana na Cisjordânia, e 17 pertencem à Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP, um movimento palestiniano de base marxista).

Não foi especificada a filiação dos restantes.

A pessoa mais proeminente é Israa Jaabis, 38 anos, condenada a 11 anos de prisão por ter feito explodir uma botija de gás num carro num posto de controlo em 2015, ferindo um agente da polícia.

O Hamas fez cerca de 240 reféns quando atacou o sul de Israel, em 07 de Outubro, com um saldo de 1.200 mortos, segundo as autoridades israelitas.

Cerca de 400 acessos a túneis "destruídos" em Gaza

O Exército israelita anunciou ter destruído "cerca de 400 acessos a túneis" utilizados pelo movimento islamita palestiniano Hamas, na Faixa de Gaza, no âmbito da ofensiva terrestre desencadeada pelo ataque daquele grupo a Israel, a 07 de Outubro.

"Até agora, as forças localizaram e destruíram cerca de 400 entradas de túneis", declarou o Exército israelita num comunicado divulgado na sua página da Internet, antes de sublinhar que os militares "estão a dedicar uma parte significativa do seu tempo" à realização destas operações.

Afirmou também que "o Hamas usa intermediários civis e construiu infraestruturas terroristas subterrâneas no coração de bairros civis, perto de habitações, escolas, hospitais, cemitérios e zonas agrícolas".

Míssil interceptado

O Exército israelita afirmou ainda ter interceptado um míssil de cruzeiro que visava o sul de Israel, em plena guerra contra o movimento islamita palestino Hamas na Faixa de Gaza.

Num comunicado, o Exército diz que um caça da Força Aérea Israelita interceptou com sucesso um míssil de cruzeiro lançado em direcção a Israel.

"Nenhuma infiltração em território israelita foi identificada", diz a nota.

A guerra entre o Hamas e Israel, desencadeada devido o ataque do movimento palestiniano em solo israelita em 07 de Outubro, suscita receios de uma escalada regional, envolvendo particularmente o chamado "eixo de resistência" contra Israel, que conta com grupos apoiados pelo Irão incluindo, além do Hamas, o grupo libanês Hezbollah e os rebeldes Houthi no Iémen.

No domingo, os Houthis alegaram ter apreendido um navio comercial no Mar Vermelho, o Galaxy Leader, propriedade de um empresário israelita e fretado por um grupo japonês, em retaliação contra a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.

Violação do direito internacional humanitário

O comissário europeu responsável pela ajuda humanitária reconheceu hoje que tanto o Exército Israelita como o Hamas violaram o direito internacional humanitário, nomeadamente com o sequestro de cidadãos e o bombardeamento de instalações civis.

"Não há dúvidas de que o direito internacional humanitário tem de ser plenamente aplicado neste conflito, como em qualquer outro, e isto vincula as duas partes", afirmou o comissário para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Janez Lenarcic, durante um debate sobre o agravamento das tensões e da situação humanitária na região do Médio Oriente, no Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo (França).

No debate, e perante os eurodeputados, Janez Lenarcic enumerou vários momentos do atual conflito que classificou como violações do direito internacional humanitário.

Entre eles, segundo o comissário, está o "grande número de civis assassinados" em Israel durante o ataque do Hamas e o sequestro de mais de 200 pessoas, assim como o lançamento de mísseis "de maneira indiscriminada" contra o Estado hebreu.

Os "mais de 12.000 civis assassinados em Gaza", a "obstaculização" da entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e "mais de 100 trabalhadores das Nações Unidas mortos" com a retaliação israelita foram outros factos mencionados pelo representante comunitário.

"Isto são violações do direito internacional humanitário e têm de parar", frisou o comissário, insistindo ainda na necessidade de melhorar o acesso do apoio humanitário ao enclave palestiniano e a sua distribuição no interior do território.

Vaticano desmente uso da palavra "genocídio" pelo Papa

O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, negou hoje que o Papa Francisco tivesse usado o termo "genocídio" durante uma reunião com uma delegação de familiares de palestinos que vivem em Gaza.

"Não tenho conhecimento que tenha usado tal palavra", disse Bruni.

"Utilizou as palavras com que se expressou durante a audiência geral e que, em todo o caso, representam a terrível situação que se vive em Gaza", acrescentou o porta-voz.

O esclarecimento de Bruni ocorre depois dos membros da delegação palestina afirmarem que o Papa teria reconhecido que o povo palestiniano está a passar por "um genocídio".

"Convidamos o Papa a visitar Gaza. Ele pode acabar com a guerra e trazer a paz ao povo da Palestina", disse Shrine Halil, um cristão de Belém presente no encontro com o líder católico.

"O cessar-fogo não é suficiente. O que vivemos hoje é uma pausa militar que mantém o 'status quo' das hostilidades", acrescentou Halil.

"O Papa reconheceu que estamos a viver um genocídio" e disse que "o terrorismo não pode ser combatido com terrorismo", de acordo com a delegação palestiniana.

"Somos dez e todos ouvimos", afirmaram os palestinianos.

O Papa qualificou ainda como "uma boa ideia" a sua visita a Gaza "quando a situação o permitir", ainda segundo a delegação palestiniana.

Francisco também se reuniu hoje, separadamente, com uma delegação de familiares dos reféns israelitas que foram raptados pelo grupo islamita Hamas em 07 de Outubro, em Israel.

Brasil deseja que trégua seja caminho para fim do conflito

O Presidente do Brasil disse esperar que a trégua entre Israel e o movimento islamita Hamas, anunciada hoje, "possa pavimentar o caminho para uma saída política e duradoura" para o Oriente Médio, numa mensagem durante uma reunião do G20.

"Quero saudar o acordo anunciado hoje entre Israel e o Hamas, que envolve a libertação de reféns (mulheres e crianças) em troca de uma trégua temporária de quatro dias e da libertação de prisioneiros palestinianos (mulheres e crianças)", afirmou o estadista brasileiro.

"Espero que esse acordo possa pavimentar o caminho para uma saída política e duradoura para este conflito e para ser retomado o processo de paz entre Israel e Palestina", acrescentou, que falava durante a reunião virtual dos países das economias emergentes (BRICS) realizada hoje.

Hezbollah adere à trégua temporária em Gaza

O grupo xiita libanês Hezbollah vai aderir à trégua humanitária de quatro dias entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, que entre em vigor na quinta-feira na Faixa de Gaza.

Uma fonte próxima do Hezbollah, citada pela agência noticiosa Efe, assegurou que o movimento xiita respeitará o acordo alcançado pelo seu aliado Hamas e também vai respeitar a trégua de quatro dias, apesar de ainda não ter sido emitido um comunicado  oficial.

Na manhã de hoje, o Hezbollah anunciou que o seu líder, Hassan Nasrallah, se reuniu em território libanês com altos responsáveis do Hamas para abordar os últimos desenvolvimentos da guerra em Gaza, e as formas de atuação das duas formações no actual contexto.

O acordo inclui a libertação de 50 mulheres e crianças civis retidos na Faixa de Gaza em troca de 150 palestinianos detidos em prisões israelitas, e uma trégua temporária que poderá aumentar substancialmente a entrada de ajuda humanitária para o enclave.

Desde o início do conflito entre o grupo palestiniano e Israel, em 07 de Outubro, a formação libanesa tem estado envolvida em frequentes ataques cruzados com as forças israelitas a partir do sul do Líbano (fronteira com Israel).

Nasrallah reconheceu que estas operações têm por objectivo forçar o Estado judaico a desviar recursos que poderia utilizar contra a Faixa de Gaza, apesar de não excluir a eventualidade de uma guerra aberta a partir da frente libanesa.DSC



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