Médio Oriente: Conflito Israel-Hamas

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  • Luanda • Domingo, 12 Novembro de 2023 | 13h58
Mapa da Faixa de Gaza
Mapa da Faixa de Gaza
Divulgaçao

Jerusalém - O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse hoje querer "outra coisa" em vez da Autoridade Nacional Palestiniana, presidida por Mahmud Abbas, a governar a Faixa de Gaza, após a guerra que está a travar para "erradicar" o grupo islamita Hamas.

"Não pode haver uma autoridade dirigida por alguém que, mais de 30 dias após o massacre (de 07 de Outubro), ainda não o condenou (...). Será necessário algo mais lá. Mas, em todo o caso, terá de haver o nosso controlo de segurança", afirmou Benjamin Netanyahu, num discurso citado pela Agência France Presse.

Netanyahu insistiu que Israel precisa de "um controlo de segurança total, com a possibilidade de entrar sempre que quiser, para retirar os terroristas que possam surgir novamente".

"Não haverá autoridade civil que ensine às suas crianças o ódio a Israel, o ódio aos israelitas", disse ainda.

A Autoridade Palestiniana e Israel têm sido acusados de ensinar violência e ódio, ou de diabolizar o outro, nos seus programas escolares.

"No dia seguinte, Gaza será desmilitarizada, não haverá mais ameaças de Gaza sobre Israel. O massacre de 07 de outubro provou definitivamente que em qualquer lugar que não esteja sob controlo de segurança de Israel ver-se-á o regresso do terror", defendeu Netanyahu.

O primeiro-ministro israelita considerou que "tal verificou-se na Cisjordânia", outro território palestiniano ocupado por Israel, onde o exército israelita, desde o início da guerra, aumentou as incursões em cidades teoricamente sob controlo da Autoridade Palestiniana.

A Cisjordânia está separada geograficamente da Faixa de Gaza, que tem sido constantemente bombardeada por Israel desde 07 de outubro, em resposta ao ataque do Hamas.

Ainda hoje, Benjamin Netanyahu insistiu na posição que tem mantido de rejeitar a aceitação de um cessar-fogo, assegurando que o seu exército vai continuar a trajetória para derrotar e desmantelar o Hamas.

Netanyahu repetiu que um cessar-fogo apenas seria possível se os 239 reféns detidos em Gaza fossem todos libertados, lembrando que as autoridades israelitas estão empenhadas em permitir a saída de civis da zona norte para a zona sul do enclave.

Exército diz que vai ajudar a retirar bebés do maior hospital de Gaza

O exército israelita afirmou hoje que ajudará a retirar bebés do maior hospital de Gaza, Al-Shifa, onde morreram dois prematuros e em torno do qual estão a decorrer intensos combates entre militares e combatentes do Hamas.

"A equipa do hospital Al-Shifa pediu que amanhã [domingo] ajudemos a retirar os bebés da enfermaria pediátrica para um hospital mais seguro. Forneceremos a assistência necessária", disse o porta-voz do exército, Daniel Hagari, durante uma conferência de imprensa.

O número de bebés afectados não foi revelado.

No início do dia de hoje, a organização não-governamental (ONG) israelita Médicos pelos Direitos Humanos informou que dois bebés prematuros tinham morrido após o encerramento forçado dos cuidados intensivos neonatais devido à falta de eletricidade naquele hospital.

Além disso, alertou para o risco que correm "outros 37 bebés" neste serviço, devido aos combates entre o exército israelita e os combatentes do Hamas e da Jihad Islâmica, dois movimentos islamitas palestinianos, perto da infra-estrutura.

Um cirurgião do centro que trabalha para os Médicos Sem Fronteiras (MSF), Mohammed Obeid, também relatou a morte dos dois recém-nascidos e disse que um paciente adulto também morreu porque o seu ventilador parou, por falta de eletricidade.

"Queremos que alguém nos garanta a retirada dos pacientes, porque temos cerca de 600 pacientes hospitalizados", disse o médico numa gravação de áudio publicada pelos MSF.

Além dos pacientes, milhares de pessoas deslocadas refugiaram-se nas instalações do estabelecimento enquanto Israel bombardeia incessantemente o pequeno território palestiniano em resposta ao ataque sem precedentes do Hamas no seu território em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortes, segundo dados israelitas.

Os ataques israelitas na Faixa de Gaza mataram mais de 11.000 palestinianos, segundo o Ministério da Saúde palestiniano.

Departamento de doenças cardíacas do Hospital Al-Shifa está destruído

O vice-ministro da Saúde do governo do Hamas em Gaza disse hoje que um ataque aéreo israelita "destruiu completamente" o prédio do departamento de doenças cardíacas do Hospital Al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza.

"O edifício de dois andares do departamento de doenças cardíacas foi completamente destruído num ataque aéreo", disse Youssef Abou Rich à agência noticiosa francesa AFP, culpando o exército israelita pelo ataque.

A AFP não conseguiu confirmar o ataque no local, mas pelo menos uma testemunha presente no hospital confirmou as explosões e os danos.

O exército israelita não reagiu imediatamente.

"Houve um novo ataque ao departamento de cirurgia e ao departamento de cirurgia ambulatória", acrescentou um funcionário palestiniano, relatando

"cinco bombas disparadas desde a manhã contra o complexo".

"Os tanques (israelitas) estão a cercar completamente o Hospital de Al-Shifa", relatou o funcionário palestiniano, enquanto o exército israelita descreveu como "falsos" os relatórios segundo os quais as suas tropas estão a "cercar e atingir" Al-Shifa.

"Eles atiram contra todos aqueles que tentam sair dos prédios do complexo hospitalar", disse o vice-ministro da Saúde do governo do Hamas, Youssef Abou Rich.

O exército israelita confirma que está posicionado ao redor do Hospital Al-Shifa, permitindo ao mesmo tempo uma saída para leste, aberta aos milhares de deslocados alojados no hospital.

"Existem dois tanques (israelitas) cujas armas estão apontadas para dentro da maternidade, na entrada sul do complexo Al-Shifa", detalhou Abou Rich. E estão outros "dois tanques fora da entrada oeste e dois tanques dentro desta entrada".
Ao redor do complexo hospitalar, "há dezenas de corpos nas ruas, centenas de pessoas feridas", relatou o vice-ministro da Saúde do governo do Hamas.

O Ministério da Saúde do governo do Hamas deixou de publicar o número diário de mortos desde sexta-feira, dizendo que já não consegue estabelecer contacto com todos os hospitais e não consegue enviar as suas ambulâncias devido à violência dos combates.

Em Al-Shifa, há "650 pacientes, cerca de 40 crianças em incubadoras, todas ameaçadas de morte e 15 mil deslocados", disse Abou Rich.
Desde sábado, a eletricidade foi cortada em Al-Shifa e dezenas de bebés em incubadoras e pacientes em cuidados intensivos correm agora o risco de morte, segundo várias ONG internacionais.

"As enfermeiras realizam massagens respiratórias manuais a esses bebés prematuros", acrescentou Abou Rich, dizendo temer a morte de vários deles em poucas horas.

A Organização Mundial da Saúde alertou hoje, por seu turno, que perdeu a comunicação com o Hospital Al-Shifa e diz que há relatos de algumas pessoas que fugiram do hospital foram baleadas, feridas e até mortas.

Grupo de 32 brasileiros deixa Gaza e aguarda repatriamento no Egipto

Um grupo de 32 brasileiros já se encontra no Egito a aguardar um voo de repatriamento, após várias tentativas frustradas de deixar a Faixa de Gaza, anunciou hoje o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Numa publicação na rede social X, o Governo brasileiro informou que o "grupo de 32 brasileiros e familiares já se encontra em território egípcio, onde foi recebido por equipa da embaixada do Brasil no Cairo, responsável pela etapa final da operação de repatriamento".

O Ministério acrescentou que "duas pessoas do grupo que constavam da lista original, de 34 nomes, desistiram do repatriamento e decidiram permanecer em Gaza".

Os cidadãos brasileiros passaram pelo controlo migratório palestino de Gaza e entraram no Egipto pelo posto fronteiriço de Rafah, esta manhã.
Segundo declarações do embaixador do Brasil no Egipto, Paulino Carvalho Neto, à Globo, a previsão é que o grupo passe a próxima noite do Egito e parta do aeroporto do Cairo para o Brasil na segunda-feira, no avião presidencial.

Em 04 de Novembro, o Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, no poder, denunciou que as autoridades israelitas impediram a saída de cidadãos brasileiros da Faixa de Gaza em três ocasiões.

"O Governo israelita negou pela terceira vez a saída de cidadãos brasileiros ameaçados pelo massacre contra a população civil da Faixa de Gaza", afirmou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, num comunicado divulgado nas redes sociais.

Hoffmann também denunciou que Israel está a enviar trabalhadores palestinianos de volta para a Faixa de Gaza, sob bombardeamentos.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, "não quer palestinianos no país", disse.

"Atitudes como esta dizem muito sobre essa guerra. Está a tornar-se uma limpeza étnica", sublinhou.

Após 36 dias de guerra, que começou em 07 de Outubro com o ataque do Hamas ao território israelita, no qual morreram mais de 1.400 pessoas e mais de 240 foram raptadas de aldeias perto de Gaza, os bombardeamentos israelitas mataram já mais de 11.000 pessoas e feriram cerca de 27.500, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlada pelo grupo islamita.

O Hamas é classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel.CS

 

 



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