Quito - Os protestos indígenas que se arrastam há nove dias contra o Governo do Equador são um "grave perigo" para a democracia, afirmou hoje o Ministro da Defesa, Luis Lara, numa declaração, ao lado dos representantes das Forças Armadas.
"A democracia no Equador está em grave perigo devido à acção concertada de pessoas exaltadas que impedem a livre circulação da maioria dos equatorianos", disse Lara no Ministério da Defesa, em Quito, acompanhado pelos chefes do Exército, da Marinha e da Força Aérea.
"As forças armadas não permitirão tentativas de quebrar a ordem constitucional ou qualquer acção contra a democracia e as leis da República", acrescentou o Ministro da Defesa.
Na segunda-feira, milhares de indígenas reuniram-se em Quito para protestar contra o presidente conservador Guillermo Lasso, que os acusa de o quererem "expulsar".
Em resposta aos protestos, o presidente decretou o estado de emergência em três províncias do país, incluindo a capital Quito.
"Estou empenhado em defender a nossa capital e o país. Isto obriga-me a declarar o estado de emergência em Pichincha, Imbabura e Cotopaxi a partir da meia-noite de hoje", afirmou num discurso televisivo no sábado passado.
A Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), que participou nas revoltas que derrubaram três presidentes entre 1997 e 2005, tem vindo a organizar marchas e barricadas desde 13 de Junho para exigir uma queda nos preços dos combustíveis.
Na semana passada, o líder indígena Leonidas Iza, presidente da CONAIE e principal promotor dos protestos, ameaçou passar a "outro nível", caso o Governo não dê respostas a dez exigências que considera permitirão ultrapassar a crise económica.
"Se o Governo nacional não criar as condições para dar estas respostas, sim, sentimos que podemos passar a outro nível", advertiu Iza, numa entrevista à agência de notícias Efe.
Leonidas Iza respondeu desta forma ao presidente do Equador, que na quinta-feira afirmou não ver qualquer motivo para os protestos dos indígenas e comparou a situação actual com a de Outubro de 2019, altura em que houve uma mobilização semelhante que exigia a revogação de um decreto que eliminava os subsídios à gasolina. Na altura, as manifestações causaram 11 mortos.
O aumento dos preços dos combustíveis e o do preço dos produtos de primeira necessidade são algumas das queixas que constam no documento com as dez exigências da CONAIE.