Port-au-Prince - Mais de 40 mil pessoas foram deslocadas em dez dias na capital haitiana, devido a uma nova vaga de violência, informou hoje a Organização Internacional para as Migrações (OIM), descrevendo a pior onda de deslocações em dois anos.
Entre 11 e 20 de Novembro, 40.965 pessoas foram deslocadas na metrópole de Port-au-Prince, devido a esta violência que envolve gangues armados e algumas foram forçadas a fugir pela segunda ou mesmo terceira vez, detalhou a agência da ONU para as migrações, segundo a AFP.
“A escala destes deslocamentos não tem precedentes desde o início da nossa resposta à crise humanitária no Haiti em 2022", frisou Grégoire Goodstein, chefe da OIM para o Haiti, citado num comunicado.
No total, mais de 700 mil pessoas estão deslocadas neste país das Caraíbas afectado pela violência.
Esta crise não é apenas um desafio humanitário. É um teste à responsabilidade colectiva", insistiu Grégoire Goodstein.
Sublinhando a dificuldade das equipas da ONU em cumprir a sua missão devido às condições de insegurança.
Também hoje a Unicef denunciou que o número de crianças recrutadas por grupos armados no Haiti aumentou 70% no espaço de um ano e estas constituem quase metade dos elementos dos gangues no país caribenho.
Este pico sem precedentes, registado entre os segundos trimestres de 2023 e 2024, mostra um agravamento da crise de protecção da criança, declarou domingo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em comunicado.
O Haiti sofreu durante décadas de instabilidade política crónica e de uma crise de segurança ligada à presença de gangues armados acusados de assassinatos, raptos e violência sexual em grande escala.
Há duas semanas que Port-au-Prince e as comunidades vizinhas enfrentam um novo surto de violência alimentado pela "Viv Ansanm" (Viver Juntos), uma aliança de gangues formada em Fevereiro e que conseguiu derrubar o então primeiro-ministro, Ariel Henry.
Estes grupos que controlam cerca de 80% da capital, Port-au-Prince, atacam regularmente civis, apesar do envio, este ano, de uma missão multinacional de apoio à segurança, liderada pelo Quénia e apoiada pela ONU.
Após semanas de luta pelo controlo do Governo, o sucessor, Garry Conille, acabou por ser demitido pelo Conselho Presidencial de Transição, que nomeou para o lugar Alix Didier Fils-Aimé. GAR