Nova Iorque - Mais de 370 milhões de mulheres no mundo, o equivalente a uma em cada oito, foram vítimas de estupro ou violência sexual antes de completarem 18 anos, denunciou nesta quinta-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Em relatório divulgado na véspera do "Dia Internacional da Menina", a organização da ONU alerta para as "consequências devastadoras" para as vítimas e apela por uma "acção mundial urgente", segundo a agência de notícias ANSA.
Se também forem incluídas as formas de violência sexual "sem contacto", como o abuso online ou verbal, o número de menores e mulheres afectadas aumenta para 650 milhões a nível mundial, ou uma a cada cinco. As adolescentes de 14 a 17 anos são as mais atingidas, adianta a Unicef.
Apesar do maior número de vítimas serem do sexo feminino, este tipo de crime também atinge rapazes e homens.
Estima-se que entre 240 milhões e 310 milhões, ou aproximadamente um em cada 11, foram estuprados ou alvos de violência sexual durante a infância, como explica a organização.
Este número sobe para 410 milhões ou 530 milhões se forem considerados também os casos "sem contacto".
"A violência sexual contra crianças é uma mancha em nossa consciência moral. Ela inflige traumas profundos e duradouros, muitas vezes por alguém que a criança conhece e em quem confia, em lugares onde ela deveria se sentir segura", declarou a directora-geral do Unicef, Catherine Russell.
A África Subsaariana é a região com o maior número de vítimas, com 79 milhões de meninas e mulheres afectadas, seguida pela Ásia Oriental e pelo Sudeste Asiático, com 75 milhões, e pelas Ásias Central e Meridional, com 73 milhões.
A Europa e América do Norte registam 68 milhões de vítimas; América Latina e Caribe, 45 milhões; norte da África e Ásia Ocidental, 29 milhões; e Oceânia, 6 milhões.
Em ambientes de fragilidade, principalmente envolvendo refugiados que fogem de crises políticas ou de segurança, as meninas correm maior risco. A incidência de violação e agressão sexual ocorridas durante a infância ficam levemente acima de uma a cada quatro.
"Nós testemunhamos actos de violência sexual horríveis em zonas de conflito, onde o estupro e a violência de género são frequentemente utilizadas como armas de guerra", acrescentou Russell.
Para o Unicef, os dados destacam a necessidade urgente de intensificar a acção global para combater a violência sexual contra crianças, começando pela mudança das normas sociais e culturais que permitem a ocorrência da violência sexual e pelo compromisso de fornecer a cada criança informações precisas, acessíveis e adequadas à idade que lhe permite reconhecer e denunciar. DSC/AM