Caracas - Nicolás Maduro assume o seu terceiro mandato presidencial na Venezuela na sexta-feira, apesar da contestação da oposição e da comunidade internacional, que questionam a validade das eleições presidenciais realizadas em 28 de Julho, noticiou o site Notícias ao Minuto.
O chefe de Estado venezuelano vai iniciar o seu terceiro mandato de seis anos e meio com uma cerimónia de posse na sexta-feira, organizada pelo Congresso venezuelano, que é controlado pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), liderado por Maduro e fundado pelo antigo Presidente Hugo Chávez (1999-2013), seu antecessor e padrinho político.
Nicolás Maduro foi proclamado vencedor das presidências de 28 de Julho pelo Conselho Nacional Eleitoral, que não tornou pública a contagem dos votos nas assembleias de voto, alegando ter sido vítima de pirataria informática.
A oposição, que publicou as atas -- que o Governo venezuelano diz ser falsas -- de 80% das assembleias de voto recolhidas pelos seus escrutinadores, assegura que o candidato opositor Edmundo González Urrutia obteve mais de 67% dos votos e venceu o pleito.
A comunidade internacional exigiu a apresentação das atas eleitorais, o que as autoridades venezuelanas não fizeram, gerando grande tensão com vários países.
O Carter Center, organização sediada nos EUA e que o Governo de Maduro convidou para observar as eleições presidenciais, afirmou que as denúncias realizadas pela oposição são legítimas.
A vitória de Maduro - que segue a herança política do "chavismo", que representa 25 anos de poder no país - foi reconhecida pelos seus aliados tradicionais, nomeadamente a Rússia, a China e o Irão.
Países ideologicamente próximos da Venezuela como o Chile, a Colômbia e especialmente o Brasil manifestaram as suas reservas em relação aos resultados das presidenciais, resultando numa crise diplomática entre Caracas e Brasília, que vetou a entrada da Venezuela no grupo BRICS.
O Venezuela cortou relações diplomáticas com o Paraguai devido ao alegado apoio daquele país aos opositores venezuelanos.
O Chile retirou o seu embaixador em Caracas e vários países latino-americanos serão representados apenas por funcionários diplomáticos na cerimónia de posse de Maduro.
Estados Unidos, Argentina e Uruguai são alguns dos países que reconhecem González Urrutia como Presidente eleito da Venezuela. A União Europeia não reconhece a vitória de Maduro e, em 17 de Dezembro, o Parlamento Europeu entregou a Gonzáles Urrutia o prémio Sakarov, e em 19 de Setembro, reconheceu-o como Presidente legítimo da Venezuela.
A oposição venezuelana convocou manifestações contra a posse de Maduro e González Urrutia afirmou que voltará ao país após se ter exilado em Espanha, em Setembro, devido a um pedido de prisão emitido por um juiz em seu nome na Venezuela.
Já a líder da oposição Maria Corina Machado, que se encontra escondida na Venezuela, no domingo instou os seus apoiantes a manifestarem-se na quinta-feira em todo o país para afastar Maduro do cargo.
Resta saber se as pessoas protestarão contra Maduro na sexta-feira, uma vez que a campanha de repressão pós-eleitoral do Governo, incluindo a detenção de cerca de 2.400 pessoas, teve um efeito inibidor e mesmo que os apoiantes da oposição decidam se manifestar, não é claro quem os poderá liderar. Nos distúrbios pós-eleitorais de 28 de Julho foram registados pelo menos 28 mortos e duas centenas de feridos.
Edmundo González Urrutia, um antigo diplomata que tem visitado vários países e tem recebido apoio de diversas lideranças políticas, denunciou na terça-feira que o seu genro foi raptado em Caracas e encontra-se desaparecido, gerando apoio e pedidos de libertação de Rafael Tudares por vários organismos internacionais e países.
Nicolás Maduro, que recebeu o apoio formal do exército, ordenou a partir da noite de terça-feira a mobilização de militares e polícias em todo o país, denunciando ainda planos para impedir sua posse na sexta-feira.CS