Moscovo - O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, considerou hoje uma "provocação mentirosa" a descoberta pelas autoridades ucranianas de civis assassinados na cidade de Bucha, para fazer fracassar as negociações em curso entre Kiev e Moscovo.
"Há uma questão que se coloca: a quem serve esta provocação aberta e mentirosa (...). Somos levados a pensar que serve para encontrar um pretexto destinado a torpedear as negociações em curso", afirmou Lavrov numa mensagem por vídeo difundida na televisão russa.
"Exactamente no momento em que, e em conformidade com o acordado em Istambul, a parte russa, como gesto de boa vontade, decidiu reduzir a tensão no terreno, principalmente nas regiões de Kiev e Chernigiv, nesse momento três dias após o nosso exército ter abandonado a cidade de Bucha, organizou-se aí uma provocação", indicou Lavrov.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo assegurou que o objectivo de Kiev "consistiu em desviar a atenção do processo de negociação" e "tentar apresentar novas condições".
"Tal como os 'media' ocidentais propagaram a falsidade sobre a cidade de Bucha, os negociadores ucranianos tentaram interromper por completo o processo de negociação", acrescentou, citado pela agência noticiosa Interfax.
"Qual o motivo desta provocação aberta e falsa, cuja verdade é impossível de justificar?", interrogou-se, para insistir que as autoridades russas "tendem a acreditar" que o motivo "reside no desejo de encontrar uma razão para interromper as negociações em curso".
Desta forma, advertiu Kiev que, para garantir "um progresso real e não uma aparência" as autoridades ucranianas não devem "sabotar" os acordos concluídos com Moscovo. "Caso contrário, corremos o risco de repetir o destino dos Acordos de Minsk e nunca o aceitaremos", advertiu.
Em simultâneo, também alertou que caso a Ucrânia "continue a recusar discutir a desnazificação e a desmilitarização", esse fator contribuirá para o decorrer do processo negocial.
A última ronda de conversações entre as partes envolvidas no conflito decorreu há uma semana em Istambul, e o compromisso de Kiev e Moscovo consiste em prosseguir o diálogo, apesar de não existir um calendário preciso.
Na sequência do diálogo, a Rússia anunciou uma "redução drástica" das suas operações militares na região de Kiev e na cidade de Chernigiv, no norte do país.