Moscovo - O Kremlin comentou hoje o novo pacote de sanções que a União Europeia (UE) procura impor a Moscovo nos próximos dias, que prevê deixar progressivamente até final do ano de comprar petróleo russo, afirmando que se trata de "uma faca de dois gumes".
"Em geral, se falarmos de sanções, tanto norte-americanas como europeias e de outros países, elas são uma faca de dois gumes", afirmou o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, na sua conferência de imprensa diária.
Acrescentou que os países ocidentais são obrigados a "pagar um preço elevado" por tentativas de "prejudicar" a Rússia através das restrições impostas.
"O custo destas sanções para os cidadãos europeus aumentará a cada dia", sublinhou.
O representante do Kremlin assinalou que "neste momento, tratam-se de planos" e que "a discussão continua", adiantando que Moscovo está "atento e avaliará várias opções" para responder ao sexto pacote de sanções.
Depois do embargo ao carvão que já está em curso, Bruxelas aponta desta vez para o petróleo, que a UE compra à Rússia, no valor de 74 mil milhões em 2021, e que os 27 querem deixar de importar progressivamente até ao final do ano.
A UE pretende também desligar do sistema de mensagens financeiras SWIFT o banco russo Sberbank, a mais importante entidade bancária do país que representa 37% do sistema financeiro russo, e outros dois bancos de média dimensão.
Além disso, está a ser estudada a suspensão das emissões na União Europeia de três canais de televisão russos que, segundo Bruxelas, se dedicam a replicar "desinformação e mentiras" do Governo russo sobre a Ucrânia.
A Comissão Europeia (CE) propôs hoje um sexto pacote de sanções contra a Rússia, que inclui pela primeira vez deixar de comprar petróleo russo, embora considerando aplicar este corte gradualmente até final do ano e podendo haver excepções para a Hungria e à Eslováquia.
A guerra na Ucrânia expôs a excessiva dependência energética da UE face à Rússia, que é responsável por cerca de 45% das importações de gás e de carvão europeias e também de 25% do petróleo importado pelos 27.