La Paz - A justiça da Bolívia voltou a convocar o ex-presidente Evo Morales para comparecer num tribunal no sul do país, em 14 de Janeiro de 2025, pelo crime de tráfico de pessoas agravado, noticiou o site Notícias ao Minuto.
"Para apreciação do pedido de aplicação de medidas cautelares pessoais (...) está marcada uma audiência pública presencial para terça-feira, 14 de janeiro, às 09h30 [13h30 em Lisboa]", disse um tribunal da região de Tarija.
De acordo com o aviso judicial, citado pelo jornal 'Correo del Sur', durante a audiência o juiz deverá decidir se Morales irá aguardar pelo julgamento em liberdade ou em prisão preventiva.
O antigo presidente não compareceu a uma convocatória anterior, para testemunhar num processo em que é acusado de ter mantido um alegado relacionamento com uma adolescente durante o seu mandato.
Morales não sai do Trópico de Cochabamba desde Outubro, o seu reduto no centro do país, onde é protegido por centenas de plantadores de coca, que constituem a sua base sindical e política.
Em 17 de Dezembro, o ex-presidente, alvo de um mandado de detenção desde 16 de Outubro, afirmou na rede social X ser "vítima de uma guerra jurídica" conduzida pelo Governo do rival político Luis Arce.
No dia anterior, a procuradora de Tarija, Sandra Gutiérrez, tinha apresentado uma "acusação formal" contra Morales e a mãe da alegada vítima por tráfico de seres humanos, cuja investigação já havia sido tornada pública em Setembro.
O processo indica ainda que os pais da alegada vítima, com quem Morales terá tido um filho, lucraram com a menor, entregando-a ao ex-presidente em troca de favores.
A Procuradoria-Geral confirmou não foi possível executar o mandado de captura contra Morales por várias razões, incluindo os bloqueios de estradas durante 24 dias por apoiantes do antigo presidente, especialmente no centro do país.
O político tem ainda, contra si, sete queixas de alegados abusos de menores na região de Cochabamba.
Em Novembro, foi aberta também na Argentina uma investigação criminal contra o antigo Presidente boliviano por alegado tráfico de seres humanos e abuso sexual.
Morales viveu na Argentina durante um ano após a crise social e política de 2019, durante a qual se demitiu da presidência, declarando-se vítima de um alegado golpe de Estado devido a alegações de fraude eleitoral a seu favor nas eleições desse ano.
As investigações e acusações contra Morales surgem em plena luta política com o actual Presidente boliviano Luis Arce, seu antigo aliado, pelo controlo do Partido Movimento para o Socialismo, no poder, e pela decisão sobre a candidatura do partido às eleições presidenciais de Agosto de 2025.CS