Tóquio - O Governo japonês decidiu hoje, 22, realizar um funeral de Estado em 27 de Setembro para o antigo primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado em 08 de Julho, numa decisão que divide a opinião pública do país.
O porta-voz do executivo japonês, Hirokazu Matsuno, disse que um funeral de Estado é apropriado por causa das "distintas contribuições" de Abe como o primeiro-ministro nipónico que mais tempo se manteve no cargo.
Matsuno sublinhou ainda a "excelente liderança e acções decisivas" de Abe em amplas áreas, incluindo recuperação económica, promoção da diplomacia com os Estados Unidos e reconstrução após o tsunami de 2011.
O porta-voz disse que o funeral será uma cerimónia não religiosa, realizada no Nippon Budokan, uma arena originalmente construída para as Olimpíadas de Tóquio de 1964 e que desde então se tornou um local popular para eventos culturais e desportivos.
O funeral religioso privado de Abe realizou-se na semana passada, num templo em Tóquio, com a presença de cerca de mil pessoas, incluindo políticos e líderes empresariais.
Dirigentes estrangeiros serão convidados para o funeral de Estado de Abe, disse Matsuno, embora mais detalhes, incluindo o custo estimado e o número de participantes, ainda não tenham sido divulgados.
O líder do partido comunista japonês, Kazuo Shii, já se opôs à ideia, dizendo que tais planos implicariam o "apoio total do Governo às opiniões políticas do Sr. Abe, que na realidade estão largamente divididas entre o público".
A utilização dos impostos estatais para um funeral de Abe também não é consensual entre líderes de oposição.
Quinta-feira, um grupo civil que se opõe aos planos para o funeral de Abe pediu ao Tribunal Distrital de Tóquio para suspender a decisão do Governo, dizendo que um funeral patrocinado pelo Estado, sem a aprovação do parlamento, viola a Constituição japonesa.
O alegado atirador, Tetsuya Yamagami, de 41 anos, foi detido imediatamente depois do tiroteio e está sob interrogatório.
Segundo a polícia, o suspeito confessou aos investigadores ter matado Abe devido a rumores que associavam o antigo primeiro-ministro a uma "organização religiosa" que, segundo os meios de comunicação social, corresponde à Igreja da Unificação.
O suspeito, cuja mãe levou a família à falência doando cerca de 100 milhões de ienes (715 mil de euros) ao grupo religioso, pretendia vingar-se da organização.