Washington - Israel e o Líbano acordaram estender o prazo para a retirada das tropas israelitas do sul do território libanês até 18 de Fevereiro, anunciou o Governo norte-americano.
"O acordo entre o Líbano e Israel, monitorizado pelos Estados Unidos, irá continuar em vigor até 18 de Fevereiro", referiu a Casa Branca num comunicado citado pela agência Associated Press, acrescentando que os respectivos governos "irão iniciar negociações para o regresso de prisioneiros libaneses detidos depois de 07 de Outubro de 2023".
Israel tinha pedido mais tempo para a retirada das tropas, além do prazo de 60 dias estipulado no acordo de cessar-fogo que suspendeu a guerra entre Israel e o grupo xiita Hezbollah no final de Novembro.
Israel alega precisar de mais tempo, porque o exército libanês não foi mobilizado para todas as zonas do sul do Líbano de modo a garantir que o Hezbollah não restabelece a sua presença naqueles locais. Já o exército libanês afirma que não pode mobilizar-se enquanto as forças israelitas não se retirarem.
O anúncio de extensão do acordo entre Israel e o Líbano foi tornado público horas depois de manifestantes, alguns deles empunhando bandeiras do Hezbollah, terem tentado entrar em várias aldeias para protestar contra o facto de Israel não se ter retirado do sul do Líbano no prazo de 60 dias, que terminava no domingo.
O exército israelita, que abriu fogo contra os manifestantes, responsabilizou o Hezbollah por incitar os protestos.
Pelo menos 22 pessoas morreram e 124 ficaram feridas, de acordo com as autoridades de saúde libanesas.
Entre os mortos contam-se seis mulheres e um soldado do exército libanês, segundo Ministério da Saúde do Líbano, em comunicado.
As Nações Unidas alertaram que as condições para o regresso ao Líbano de residentes de localidades fronteiriças com Israel "ainda não estão reunidas".
"O fogo do inimigo israelita é parte da sua contínua agressão contra cidadãos e soldados nas áreas da fronteira sul", afirmou o exército libanês em comunicado.
O acordo de cessar-fogo, com a duração de 60 dias, entrou em vigor em 27 de Novembro passado, e previa a retirada de Israel das áreas que ocupou no sul do Líbano, bem como do Hezbollah da faixa fronteiriça entre os dois países.
Outro ponto essencial do entendimento está relacionado com o reforço da presença do Exército libanês no sul do país, onde também se encontra um contingente das Nações Unidas.
O Hezbollah começou a bombardear Israel em 08 de Outubro de 2023, agindo em solidariedade com o grupo islamita palestiniano Hamas, que na véspera tinha realizado um ataque sem precedentes em solo israelita, desencadeando uma guerra na Faixa de Gaza.
Após quase um ano de confrontos sobretudo na região fronteiriça, Israel intensificou em Setembro passado os bombardeamentos em várias regiões do Líbano e nos subúrbios sul de Beirute, um bastião do Hezbollah, e, desde então, dizimou grande parte da estrutura dirigente do grupo armado xiita.
Em 01 de Outubro, as forças israelitas invadiram o sul do Líbano, onde ainda permanecem.
Até ao cessar-fogo, a guerra provocou 60 mil deslocados do lado israelita e acima de 1,2 milhões no Líbano, onde as autoridades de Beirute registaram mais de 3.800 mortos.CS