Gaza - O director do Hospital Kamal Adwan, em Beit Lahia, no norte de Gaza, está detido, anunciou este sábado o Ministério da Saúde de Gaza, noticiou o site Notícias ao Minuto.
"As forças de ocupação mantêm detido o doutor Husam Abu Safiya, director do Hospital Kamal Adwan", confirmou hoje o Ministério da Saúde de Gaza.
Esta manhã tinha sido noticiado que o exército israelita libertou cerca de 400 pessoas detidas durante o ataque ao Hospital Kamal Adwan, tendo também sido inicialmente veiculado que o médico Husam Abu Safiya estava desaparecido.
O anúncio da detenção é feito um dia depois de as tropas israelitas terem invadido o Hospital Kamal Adwan, um dos poucos hospitais parcialmente operacionais que restava no norte da Faixa de Gaza, e de incendiarem grande parte das suas instalações, as tropas israelitas detiveram quase todos os doentes, acompanhantes, deslocados e pessoal médico, obrigaram-nos a caminhar até ao pátio de uma escola próxima, revistaram-nos e interrogaram-nos.
A maioria foi libertado, incluindo parte do pessoal médico, mas alguns continuam detidos como é o caso do médico Husam Abu Safiya, que está há mais de dois meses na linha da frente a dirigir o hospital no meio de fortes ataques israelitas e a denunciar a violação do direito internacional na sequência dos ataques contra o sistema de saúde.
O exército israelita justificou o ataque ao Hospital Kamal Adwan, - que albergava 350 pessoas, incluindo 75 pacientes e seus acompanhantes e 180 membros do pessoal médico - com o facto de as tropas do Hamas estarem a utilizar as instalações da unidade hospitalar como esconderijo e para planear novos ataques contra Israel.
Segundo a AP, na sexta-feira Israel negou as acusações de que tinha entrado ou incendiado o complexo, referindo que estava a conduzir operações contra as infra-estruturas e as tropas do Hamas na área e que tinha ordenado a saída das pessoas do hospital. Não respondeu a questões sobre o director da unidade hospitalar.
"O desmantelamento sistemático do sistema de saúde em Gaza é uma sentença de morte para dezenas de milhares de palestinianos que necessitam de cuidados médicos", denunciou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS), que recordou também as restrições de acesso que Israel impõe ao seu pessoal, o que torna o seu trabalho difícil.
Os doentes em condições moderadas foram evacuados para o hospital indonésio "destruído e não funcional" nas proximidades, enquanto 60 profissionais de saúde e 25 doentes críticos permaneceram no Kamal Adwan, incluindo alguns ligados a respiradores, explicou ainda a instituição liderada por Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Na sexta-feira, e após o ataque, a OMS tinha confirmado que o Hospital Kamal Adwan estava "fora de serviço".
No âmbito da ofensiva de "terra queimada" que Israel leva a cabo em todo o norte da Faixa de Gaza, foi lançada na sexta-feira à noite uma operação na cidade de Beit Hanoun, onde fontes médicas palestinianas já reportaram seis mortos.
"Depois de ter recebido informação sobre a presença de infra-estruturas e agentes terroristas na zona, e como parte do esforço para manter a segurança dos residentes das comunidades do sul de Israel, a Brigada Nahal começou a operar contra alvos terroristas na zona de Beit Hanoun", confirmou hoje o exército israelita, indicando que designou rotas seguras para que os civis abandonem as zonas de combate.
Durante a madrugada, Israel também bombardeou uma casa no campo de refugiados de Al Maghazi, no centro do enclave, matando pelo menos nove pessoas, todas membros da mesma família.
Nos 14 meses de guerra, mais de 45.400 palestinianos morreram na Faixa de Gaza e mais de 108.000 ficaram feridos, havendo ainda 11.000 desaparecidos, segundo o Ministério da Saúde.MOY/CS