Jerusalém - Israel acusou hoje o Hamas de não fazer concessões nas negociações sobre a trégua em Gaza e classificou como "guerra psicológica" o anúncio do movimento palestiniano de libertar um refém e devolver os restos mortais de quatro outros, noticiou o site Notícias ao Minuto.
"Enquanto Israel aceitou o quadro [apresentado pelo enviado norte-americano Steve Witkoff, o Hamas mantém-se firme na sua recusa e não se moveu um milímetro", afirmou o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, num comunicado, acusando o Hamas de continuar a recorrer à "manipulação e à guerra psicológica".
No final do Sabbath, o período de descanso semanal dos judeus, no sábado à noite, Netanyahu convocará uma reunião dos ministros envolvidos "para receber um relatório detalhado da equipa de negociação e decidir os próximos passos para a libertação dos reféns".
Uma nova ronda de negociações indiretas sobre o frágil cessar-fogo em Gaza, que entrou em vigor a 19 de janeiro após 15 meses de guerra, teve início na terça-feira no Qatar, nas quais esteve presente Steve Witkoff, o enviado especial do Presidente norte-americano, Donald Trump, para o Médio Oriente.
Segundo avançou a imprensa israelita na quinta-feira, a nova proposta, apoiada pelo enviado especial norte-americano, apelava à libertação de cinco reféns vivos em troca de um cessar-fogo de 50 dias em Gaza, durante os quais seriam realizadas negociações para a continuação do acordo.
O Hamas anunciou hoje que estava disposto a libertar um refém israelo-americano e a devolver os restos mortais de outras quatro pessoas de dupla nacionalidade, como parte do acordo.
"Ontem (quinta-feira), a delegação do Hamas recebeu uma proposta dos mediadores para retomar as negociações. De forma responsável, o movimento respondeu positivamente e apresentou a sua resposta esta manhã, assinalando o seu acordo para a libertação do soldado israelita Edan Alexander, que tem nacionalidade norte-americana, para além [da devolução] dos corpos de quatro outros (reféns) binacionais", afirmou um comunicado de imprensa do movimento extremista palestiniano.
"Os cinco indivíduos que o Hamas aceitou libertar são prisioneiros israelitas com nacionalidade norte-americana", disse Taher al-Nounou, um dos líderes do Hamas, à agência noticiosa francesa AFP.
O grupo, que fez a última devolução de corpos de reféns mortos durante o conflito em Gaza há duas semanas, pouco antes do fim da primeira fase do acordo de tréguas, não revelou a data em que pretende libertar um novo refém ou entregar os restos mortais.
O acordo de cessar-fogo em Gaza, que entrou em vigor a 19 de janeiro, foi negociado com a participação de enviados do então recém-eleito Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do ainda chefe de Estado no ativo, Joe Biden.
O acordo determinava que os reféns não libertados na primeira fase fossem entregues na segunda fase, durante a qual seriam negociados os planos finais para o fim da guerra.
A primeira fase do cessar-fogo terminou no dia 01 de março, mas Israel e o Hamas não chegaram a acordo sobre como prosseguir.
Desde então, Israel impôs um bloqueio total à entrada de ajuda humanitária em Gaza para pressionar o grupo islamita a aceitar um plano alternativo, que visava a libertação dos reféns restantes sem iniciar negociações para acabar com a guerra.CS