Viena - O Irão e a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) acordaram um modelo de inspecções mais limitado ao programa nuclear daquele país, face ao anúncio de Teerão de suspender a cooperação internacional na próxima semana.
A decisão foi anunciada hoje pelo director-geral da AIEA, Rafael Grossi, no regresso a Viena, sede deste organismo da ONU, depois de uma visita de dois dias a Teerão, onde se reuniu com os principais negociadores iranianos.
"Teremos menos acesso [do que até agora], temos que ser honestos, mas mantemos o acesso suficiente", disse Rafael Grossi em declarações no aeroporto da capital austríaca, citadas pela agência de notícias EFE.
A tensão em torno do programa nuclear do Irão deve-se a uma lei iraniana que entra em vigor na terça-feira e que prevê a suspensão do chamado "protocolo adicional" do Tratado de Não Proliferação de Armas nucleares (TNP), se os Estados Unidos não suspenderem as sanções contra o país.
Esse protocolo permite que os inspectores da AIEA visitem qualquer instalação nuclear no Irão, civil ou militar, sem aviso prévio, uma medida que é considerada fundamental no âmbito do acordo nuclear de 2015, assinado para limitar o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções impostas por vários países.
Do acordo celebrado em 2015 retiraram-se, três anos depois, os Estados Unidos da América, por decisão do então Presidente Donald Trump, que restabeleceu sanções económicas a Teerão.
Desde 2019, o Irão tem vindo a deixar de cumprir os seus compromissos no pacto.
Rafael Grossi confirmou hoje que a "lei existe e será implementada", o que significa que "o protocolo adicional será suspenso".
"No entanto, concordamos num acordo bilateral específico para superar esse período da melhor maneira possível, sem perder a capacidade de inspecção necessária", assegurou o responsável da AIEA.
Grossi manifestou-se ainda esperançado de que os Estados Unidos e o Irão possam chegar a um entendimento em breve para que ambas as partes possam cumprir integralmente o acordo.
Teerão declara-se disposto a fazê-lo, mas exige primeiro o levantamento das sanções norte-americanas, especialmente o embargo às exportações do petróleo que atingiu duramente a sua economia.