Teerão - Dezenas de milhares de iranianos estão a concentrar-se hoje para o centro de Teerão e das principais cidades do país para celebrar o 44.º aniversário da Revolução Islâmica, segundo a AFP.
As celebrações deste ano acontecem cerca de cinco meses após o início do movimento de contestação desencadeado pela morte, em 16 de Setembro e sob custódia das forças de segurança, da jovem turca Mahsa Amini, 22 anos, detida três dias antes pela polícia dos costumes por alegado uso indevido do véu islâmico 'hijab', violando, segundo as autoridades, o rígido código de vestuário iraniano.
Ao fim da manhã, o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, fará uma intervenção pública na Praça Azadi ("Liberdade"), em Teerão.
Em 2021 e 2022, as cerimónias de aniversário da Revolução de 1979 foram restritas devido à pandemia de covid-19.
Este ano o governo deu um impulso às comemorações, organizadas em 1.400 cidades do país, segundo a televisão local.
Na Praça Azadi, segundo reporta a agência noticiosa France-Presse (AFP), os manifestantes que já lá se encontram desde cedo empunham cartazes com retratos do líder supremo, ayatollah Ali Khamenei, e do fundador da República Islâmica, ayatollah Ruhollah Khomeini, bem como do popular general Qassem Soleimani, morto por um ataque do exército norte-americano em Janeiro de 2020 em Bagdad.
Os participantes exibem também cartazes com palavras de ordem como "abaixo os Estados Unidos", "abaixo Israel" e "abaixo o Reino Unido", os principais adversários da República Islâmica desde 1979, e pedem apoio para a construção de um Irão "unido, forte e estável".
Ao redor da praça foram implantados mísseis 'Sejjil' e 'drones' (aparelhos voadores não tripulados) 'Shahed 136', de fabrico iraniano.
As comemorações acontecem no momento em que o país está a ser abalado por um movimento de protesto desde a morte de Amini.
Segundo as autoridades, centenas de pessoas, incluindo membros das forças de segurança, foram mortas no âmbito das manifestações, que diminuíram de dimensão nas últimas semanas.
Milhares de pessoas, incluindo figuras culturais, advogados e jornalistas, foram presas e mais de uma centena foi condenada sumariamente à pena de morte, até agora, o regime iraniano executou pelo menos dois dos condenados, o que tem gerado acesas críticas da comunidade internacional.
Para assinalar o aniversário da Revolução, o Governo anunciou a libertação de um "número significativo" de detidos, entre eles a investigadora franco-iraniana Fariba Adelkhah, detida no Irão em Junho de 2019 e condenada a cinco anos de prisão por atentar contra a segurança nacional.
A revolução iraniana, concretizada a 11 de Fevereiro de 1979, transformou o Irão, até então uma monarquia autocrática pro-ocidente comandada pelo xá Mohammad Reza Pahlevi, numa república islâmica teocrática sob o comando do ayatollah Ruhollah Khomeini.