Nova Delhi - O governo da Índia assegurou hoje que mantém o maior destacamento de tropas da sua história na linha divisória com a China, após os recentes incidentes entre os dois Exércitos na fronteira comum, os primeiros desde 2020, segundo a agência estatal de notícias da India PTI.
“Hoje temos um destacamento do Exército indiano na fronteira com a China como nunca antes. Isso foi feito para lidar com o destacamento chinês, que aumentou enormemente desde 2020", referiu o ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia, Subrahmanyam Jaishankar.
O ministro destacou que é obrigação do Estado e dever e compromisso do Exército indiano não permitir que nenhum país, neste caso a China popular, altere unilateralmente a Linha de Controlo Real (LAC)", de acordo com a agência estatal de notícias da India PTI.
Jaishankar sublinhou que o Exército deslocou-se para a fronteira por determinação do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, após críticas da oposição, em concreto de Rahul Gandhi, sobre a alegada falta de medidas de Nova Delhi após os últimos incidentes na fronteira, noticiou a agência Europa Press.
"Não temos qualquer problema em haver diferenças políticas, se houver críticas políticas, mas penso que os membros das forças de segurança não devem ser criticados directa ou indirectamente", acrescentou, ainda que as tropas estão no Yangtze, a 4.000 metros de altitude, a defender a fronteira.
O ministro da Defesa indiano, Rajnath Singh, acusou na semana passada a República Popular da China de tentar mudar o “status quo” na fronteira após os confrontos, apelando também a Pequim "evite este tipo de acção e mantenha a paz e a tranquilidade na fronteira".
Por sua vez, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin, destacou que "as duas partes sempre mantiveram uma boa comunicação sobre assuntos relacionados com a fronteira, através de canais diplomáticos e militares" e exigiu que Nova Delhi "se encontre a China a meio".
As tensões giram em torno do território montanhoso no norte da região da Caxemira, bem como cerca de 60.000 quilómetros quadrados no Estado indiano de Arunachal Pradesh (nordeste).
A LAC, que substitui a fronteira entre os dois países naquela região, passa por Ladaj.
Índia e China travaram uma breve guerra de fronteira em 1962. A Índia contesta o controlo da China de 38.000 quilómetros quadrados de terra em Aksai Chin, que afirma fazer parte de Ladaj.
Pequim, por sua vez, reivindica 90.000 quilómetros quadrados de território em Arunachal Pradesh, que considera parte do sul do Tibete.