Damasco - A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) apelou, nesta quarta-feira, para que seja garantida a passagem de ajuda humanitária para a Síria, alertando para "as terríveis condições de vida" no nordeste do país.
"Dada a magnitude da crise, apenas um esforço internacional concertado, para fornecer apoio às autoridades locais e às agências humanitárias que operam na região, pode evitar uma catástrofe humanitária", afirmou o subdirector da HRW para o Médio Oriente, Adam Coogle, em comunicado.
Para o responsável, "todas as parte do conflito na Síria têm a obrigação de garantir a circulação livre de ajuda, a passagem segura dos civis em fuga e a protecção de quem fica".
Esta organização relembra que os sírios enfrentam falta de água, habitação, alimentos e assistência médica adequada e vivem em acampamentos sobrelotados e infra-estruturas gravemente destruídas".
A HRW denunciou ainda "facções do Exército Nacional Sírio e de outros grupos, incluindo membros das forças armadas turcas e de agências de informação sequestraram e detiveram ilegalmente várias pessoas, incluindo crianças, cometeram actos de violência sexual e tortura e participaram em saques, roubo de terras e de habitações e extorsão".
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, fugiu com a família no domingo e pediu asilo político na Rússia, depois de uma coligação de rebeldes ter conseguido tomar Damasco e anunciado o fim de cinco décadas de poder da família.
A coligação vitoriosa é liderada pela Organização Islâmica de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham, ou HTS, em árabe) e inclui facções pró-turcas.
Os rebeldes lançaram uma ofensiva relâmpago em 27 de Novembro a partir da cidade de Idlib, um bastião da oposição, e conseguiu expulsar em poucos dias o exército de Assad das capitais provinciais de Alepo, Hama e Homs, abrindo caminho para Damasco.
Os rebeldes islamitas que derrubaram o regime sírio nomearam Mohammad al-Bashir como novo primeiro-ministro responsável pela transição na Síria.
O partido Baath, no poder na Síria há mais de 50 anos, anunciou hoje a suspensão das suas actividades "até nova ordem".CS