Nova Iorque - O secretário-geral da ONU, António Guterres, propôs que os “grandes poluidores” façam esforços adicionais para reduzir as emissões e os países mais ricos apoiem as economias emergentes nesses esforços.
António Guterres disse, em conferência de imprensa, na quinta-feira, estar “muito preocupado com a posição do mundo sobre o clima. Os países estão muito longe de cumprir as suas promessas e compromissos climáticos”.
Guterres lamentou ver “falta de ambição, de confiança, de apoio, de cooperação. E uma abundância de questões sobre clareza e credibilidade. A agenda climática está a ser prejudicada”.
O secretário-geral da ONU reiterou igualmente que as políticas actuais levarão o planeta a um aumento de 2,8 graus na temperatura média até ao final do século e que, para evitar isso, será necessário reduzir as emissões de carbono em 45% até 2030.
Guterres pediu aos países desenvolvidos “que cheguem a zero emissões o mais cedo possível” e lembrou que já há nações ricas a anunciar essa meta para 2035: “Não estou a pedir o impossível”.
Quanto aos países em desenvolvimento, o responsável pediu uma redução das emissões de carbono até 2050, uma meta fixada por “várias grandes economias emergentes” como o Vietname.
O secretário-geral da ONU propôs ainda aos bancos multilaterais de desenvolvimento que adaptem os modelos de negócios para que os países emergentes possam “aumentar maciçamente” o investimento em energias renováveis.
Tanto os países como as empresas devem comprometer-se, de acordo com o plano da ONU, a não utilizar o carvão, a pôr um fim ao financiamento de projectos de carvão e a não emitir novas licenças para projectos de geração de electricidade utilizando petróleo ou gás natural.
Guterres defendeu que a indústria de combustíveis fósseis tem uma “responsabilidade especial”, depois de ter “receitas recorde de quatro mil milhões de dólares” (3,6 mil milhões de euros) em 2022. JM