Paris - A França vai mobilizar 500 militares para a Roménia, no âmbito da OTAN, para "fortalecer" a presença da Aliança Atlântica na região perante a invasão russa à Ucrânia, revelou esta sexta-feira o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas francesas.
"A OTAN decidiu fortalecer a sua presença, enviar um sinal muito claro de solidariedade estratégia e posicionar forças na Roménia", sublinhou o general, em entrevista à Radio France Internationale e France 24.
Os franceses ofereceram-se para representar o papel de país líder e implantar em breve um batalhão na Roménia, acrescentou Thierry Burkhard.
"Vamos mobilizar cerca de 500 homens, com viaturas blindadas, viaturas de combate, para dar apoio à Roménia, mas também para levar a mensagem de solidariedade estratégica de todos os membros da OTAN", realçou o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas francesas.
Também em Portugal foi divulgado na sexta-feira que uma companhia do Exército português composta por 174 militares será enviada para a Roménia "nas próximas semanas".
"Portugal, para além das forças que este ano tem afectas ao comando europeu da OTAN, decidiu antecipar do segundo semestre já para o primeiro semestre a mobilização e o empenho de uma companhia de infantaria que actuará na Roménia e que será projectada nas próximas semanas", avançou o primeiro-ministro António Costa.
A França explicou ainda que a presença militar francesa da Aliança Atlântica na Estónia, país fronteiriço com a Rússia, será alargada para além da ajuda prevista para Março.
"Tendo em conta a situação que a OTAN vive hoje, e a situação de crise e a situação de guerra na Ucrânia, foi decidido manter o nosso sistema", explicou Burkhard.
"Vamos manter uma companhia, cerca de 200 a 250 soldados, com viaturas blindadas, será uma companhia de caçadores alpinos, habituados, equipados, experientes para combater em pleno frio extremo", especificou, referindo ainda o destacamento de "quatro caças Mirage 2000".
Para o general, trata-se de "enviar um sinal muito claro de solidariedade estratégica em relação à Estónia, mas também um sinal real de firmeza e sem ambiguidade em relação à Rússia".
Desde a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014, a OTAN deslocou grupos de combate multinacionais nos três estados Bálticos e na Polónia, para uma missão permanente, assumida por vários países membros.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100 mil deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.