Manila - Filipinas e Japão anunciaram hoje que vão pedir ao novo Presidente norte-americano, Donald Trump, que mantenha o apoio de Washington aos dois países nas disputas territoriais com Beijing no Mar do Sul da China.
A posição conjunta surge numa altura em que Manila e Tóquio reforçam os laços em matéria de defesa, segundo a agência espanhola EFE.
O anúncio sobre o apelo a Trump foi divulgado após uma reunião em Manila entre os chefes da diplomacia das Filipinas, Enrique Manalo, e do Japão, Takeshi Iwaya.
Os dois ministros decidiram continuar as comunicações com a próxima administração dos Estados Unidos, que inicia trabalhos com a posse de Trump na segunda-feira, 20 de Janeiro.
"Iremos ter com a próxima administração norte-americana para transmitir a mensagem de que um envolvimento construtivo nesta região dos Estados é também importante" para Washington, acrescentaram.
O regresso de Trump à presidência dos Estados Unidos, após um primeiro mandato entre 2017 e 2021, suscitou preocupações na Ásia sobre possíveis mudanças nas políticas de Washington na região em relação à China.
Manila tem um conflito de soberania com Beijing sobre vários atóis no Mar do Sul da China, onde as tensões têm vindo a aumentar nos últimos anos, acompanhadas de confrontos e acusações da guarda costeira.
O Japão e a China também estão em desacordo sobre o controlo das ilhas Senkaku, ou Diaoyu em chinês.
"Compreendemos que o nosso ambiente de segurança geopolítica é cada vez mais complexo e desafiante", afirmou Manalo.
As Filipinas e o Japão partilham "desafios semelhantes", acrescentou, razão pela qual decidiram reforçar os laços de defesa.
Os dois países chegaram a um acordo de cooperação militar em Julho de 2024, que permitirá o destacamento cruzado de tropas nos seus territórios.
O pacto foi aprovado pelo Senado filipino em Dezembro, um desenvolvimento que Manalo descreveu hoje como significativo".
A reunião entre os dois ministros realizou-se na mesma semana em que os líderes filipino e japonês falaram ao telefone com o Presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, que fez do Indo-Pacífico uma prioridade do seu mandato.
Durante a conversa, Biden reafirmou o apoio à cooperação trilateral, especialmente em matéria de segurança marítima, depois de ter organizado uma cimeira em Washington na qual os três países procuraram uma maior cooperação, o que irritou Beijing.
"A cooperação trilateral é um quadro muito importante para alcançar um Oceano Pacífico livre e aberto", afirmou hoje Takeshi Iwaya.
Além dos Estados Unidos, os dois ministros dos Negócios Estrangeiros afirmaram que vão trabalhar com outros países "com os mesmos interesses", como a Austrália.
Embora os Estados Unidos não tenham qualquer disputa directa de soberania na região, mantêm um pacto de defesa mútua com as Filipinas que os obriga a ir em auxílio do país do Sudeste Asiático em caso de ataque militar.CQ/CS