Paris - A Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH) celebra este ano o centenário da sua criação, em 28 de Maio de 1922, em Paris, por ligas nacionais de 22 países.
Hoje junta 192 organizações de 117 Estados, como a Civitas -- Liga Portuguesa de Direitos Humanos, fundada no ano anterior.
Em comunicado, a presidente da FIDH, Alice Mogwe, disse: "A nossa força decorre da nossa capacidade de permaneceremos relevantes, adaptando-nos às mudanças, sem renegar a nossa missão".
E para este futuro, a FIDH identificou um conjunto de desafios, "que já são muito urgentes", como "as alterações climáticas, a desigualdades em crescendo, as ameaças à democracia e à privacidade da informação pessoal, a discriminação de populações vulneráveis".
A procura de resposta a estes desafios motivou a criação de uma plataforma em linha, designada #AskTheFuture, focada na juventude, que pretende receber propostas provenientes de todo o mundo.
Estas propostas vão complementar uma iniciativa académica, com as universidades de Sceaux Paris Saclay, Paris Panthéon Sorbonne 1, a Clínica Legal de Genebra e a Universidade de Genebra.
Entre 20 de Maio e 08 de Dezembro, vão ser feitas uma dúzia de conferências, em Paris, Bruxelas e Genebra, com a participação de académicos, membros da FIDH e outros oradores que "pensam, lutam e, em conjunto, redefinem os direitos humanos".
As comemorações do centenário vão ter um ponto alto em Paris, onde, a partir de 24 de Outubro, se realiza o Congresso Mundial da FIDH, que decorre ao longo de quatro dias.
Os congressistas, provenientes de todo o mundo, vão discutir "as grandes questões do amanhã: universalismo de direitos à luz da diversidade humana, pobreza extrema, bens comuns e a intersecção dos direitos com a crise climática".
A história da FIDH inclui, entre outros, a sua participação na redacção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, a defesa da criação do Tribunal Penal Internacional, o apoio às vítimas dos genocídios no Ruanda e Camboja e dos criminosos de guerra na Síria e a denúncia dos abusos antidemocráticos na Federação Russa e China.
Em declarações à Lusa, o presidente da Civitas, Vitor Graça, salientou "a longevidade alcançada bem como todo o trabalho desenvolvido por esta organização em prol dos Direitos Humanos, a nível mundial (...), bem como a importância na união de esforços entre os povos para combater a tirania, a opressão, o aprofundar das desigualdades e a corrupção que continuam a assolar diversos países".
Vitor Graça adiantou também que a Civitas, com eleições para os órgãos sociais marcadas para este ano, vai divulgar, no segundo semestre, três estudos jurídicos sobre o Estado de Direito em Portugal, "procurando focar as falhas no acesso à Justiça e a diferenciação de tratamentos que ainda existe em Portugal".