São Francisco, EUA – O conselho supervisor da empresa Facebook decidiu hoje manter a suspensão do ex-presidente dos EUA Donald Trump, que continuará impedido de usar as suas páginas nas redes sociais Facebook e Instagram.
O conselho supervisor acredita, ainda assim, que “não é apropriado” que a rede social Facebook imponha uma “sanção com duração indefinida”, pelo que pede que, nos próximos seis meses, a empresa “reconsidere a decisão arbitrária imposta em 7 de Janeiro”.
O organismo de vigilância concordou em que as mensagens divulgadas por Donald Trump no início de Janeiro “violaram gravemente” os padrões de conteúdo das redes sociais Facebook e Instagram, referindo-se às mensagens que o ex-presidente colocou na véspera e durante a invasão do Capitólio pelos seus apoiantes, em 06 de Janeiro, que provocou várias mortes e feridos.
No dia seguinte, o Facebook decidiu suspender a conta de Donald Trump por tempo indeterminado, alegando que o ex-presidente tinha apelado à violência através das redes sociais.
Hoje, o conselho de supervisão - um organismo semi-independente cujas decisões são vinculativas - determinou que o antigo inquilino da Casa Branca "criou um ambiente em que um sério risco de violência era possível" com seus comentários em 6 de Janeiro, dia do assalto ao Capitólio.
No momento da publicação das mensagens de Donald Trump, houve um risco claro e imediato de dano e as suas palavras de apoio aos envolvidos nos distúrbios legitimaram as suas acções violentas", concluiu o conselho de supervisão.
O organismo também concordou que Trump exerceu forte influência no comportamento dos seus apoiantes, no momento da invasão do Capitólio.
O alcance dos seus ‘posts’ foi significativo, com 35 milhões de seguidores no Facebook e 24 milhões no Instagram”, acrescentou o conselho de supervisão, fazendo recomendações à empresa que gere as redes sociais para que “desenvolva políticas claras, necessárias e proporcionais, que promovam a segurança pública e respeitem a liberdade de expressão”.
Mark Meadows, ex-chefe de gabinete de Trump, condenou a decisão da empresa que gere o Facebook, dizendo que tem um efeito negativo na liberdade de expressão e pedindo uma regulamentação mais rígida ou o desmantelamento deste grupo empresarial.
É um dia triste para a América, é um dia triste para o Facebook", disse Meadows, numa entrevista à estação televisiva Fox News.
O antigo conselheiro de Trump Jason Miller também tinha anunciado que o ex-presidente lançaria a sua própria plataforma digital, “com dezenas de milhões de seguidores”, mas, para já, apenas existe um ‘blog’ associado a uma página de Internet com algumas mensagens datadas de Fevereiro deste ano.
Outras redes sociais tomaram medidas semelhantes às do Facebook, após a invasão do Capitólio, mantendo a sua interdição da presença de Donald Trump. O YouTube anunciou que vai esperar até que "o risco de violência diminua", antes de permitir que o ex-presidente volte a colocar vídeos no seu canal.
O Twitter – a rede social preferida de Donald Trump, que tem quase 89 milhões de seguidores – suspendeu a conta do ex-presidente, de forma irrevogável, embora Jack Dorsey, o fundador da rede social, tenha lamentado não ter existido uma possibilidade para “promover uma conversa saudável".