Havana - O consulado dos Estados Unidos em Cuba começou a emitir vistos a conta-gotas nesta terça-feira (03), após quatro anos de suspensão por supostos ataques sónicos contra responsáveis da sede diplomática.
"Bem-vindos à embaixada (dos Estados Unidos) depois de tanto tempo!", disse uma funcionária cubana ao pequeno grupo que aguardava numa praça próxima à legação, na capital Havana.
Segundo a responsável, poucos horários foram agendados para esta terça-feira.
A reabertura do consulado, de forma "limitada" e "gradual", foi anunciada a 03 de Março por Timothy Zúñiga-Brown, encarregado de negócios da embaixada americana, sem dar uma data precisa.
"Esperamos que tudo corra bem. Estou há três anos a esperar para rever a minha filha, que já me está a cobrar. Não a vejo há sete anos", explicou um homem que aguardava os trâmites e pediu para não ser identificado.
O consulado fechou em Setembro de 2017, logo depois que o governo do republicano Donald Trump (2017-2021) denunciou misteriosos incidentes, descritos como ataques sónicos, que teriam afectado a saúde dos diplomatas americanos, o que Havana nega.
Desde então, os cubanos viram-se obrigados a viajar a um terceiro país, como Colômbia e Guiana, para solicitar o visto para os Estados Unidos.
A reabertura do consulado em Havana ocorre após a retomada em Abril das negociações sobre migração entre Cuba e Estados Unidos, interrompidas desde 2018. O Governo cubano reivindica os 20 mil vistos anuais que Washington o seu comprometeu a emitir.
Cuba enfrenta uma crise económica devido aos efeitos da pandemia de covid-19 e das sanções americanas. Muitos cubanos tentam migrar, especialmente através da América Central, para chegar à fronteira americana, mas também por mar.
Segundo o departamento responsável pela imigração e alfândega dos Estados Unidos, de Outubro de 2021 a Março de 2022, mais de 78 mil cubanos ingressaram no país através da fronteira com o México.
Cientes da reabertura da representação diplomática, alguns cubanos recorreram ao consulado para solicitar um visto, mesmo que sem horário marcado.
Elsa Meneses, de 81 anos, chegou num andador junto com a sua filha Odalys Guerrero, em busca de um "visto humanitário" para sepultar o seu filho, um cidadão americano que morreu de cancro nos Estados Unidos.