Washington - As autoridades reguladores dos Estados Unidos retiraram na quarta-feira (16) a licença de telecomunicações da companhia estatal chinesa Pacific Networks, no golpe mais recente do confronto latente entre Pequim e Washington.
Anteriormente, Washington havia revogado as permissões da China Telecom e da China Unicom, e a Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) deu 60 dias à Pacific Networks e a sua subsidiária ComNet para encerrar os serviços.
"A propriedade e o controlo das empresas pelo Governo chinês representam riscos significativos para a segurança nacional e a aplicação da lei", indicou a FCC em comunicado, acrescentando que Pequim pode monitorar ou interromper as comunicações nos Estados Unidos.
Pequim criticou uma medida que, "de forma descarada, estende excessivamente o conceito de segurança nacional".
Em entrevista colectiva nesta quinta-feira, o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian, frisou que a medida é "um abuso do poder estatal e uma repressão irracional das companhias chinesas".
A companhia ComNet não respondeu até ao momento a um pedido de comentário da AFP.
A revogação da autorização de funcionamento da Pacific Networks ocorre no momento em que o presidente americano, o democrata Joe Biden, tem pressionado com uma estratégia de afronta à China, muito alinhada com a do seu antecessor republicano Donald Trump (2017-2021), cuja abordagem proteccionista desencadeou tensões.
As relações entre as duas maiores potências mundiais têm sido tensas em várias frentes, incluindo comércio, direitos humanos, Taiwan e a pandemia de covid-19.
A China Telecom é a maior operadora de telefonia fixa da China, mas tem enfrentado problemas nos Estados Unidos há anos, especialmente sob o Governo Trump, que repetidamente entrou em conflito com Pequim sobre o comércio.
As empresas de telecomunicações vem lutando contra as restrições. A China Unicom disse num comunicado, em Janeiro, que a decisão da FCC veio "sem qualquer base justificável e sem fornecer o devido processo".