Washington - O Governo dos Estados Unidos aprovou a venda de mais de 80 mísseis de precisão à Finlândia, num total de 323 milhões de dólares (USD 1 equivale a Kz 507.0220), divulgou esta segunda-feira o Departamento de Estado norte-americano.
Este país tradicionalmente não-alinhado, mas que se prepara para integrar a OTAN, uma intenção manifestada em conjunto com a Suécia, desde o início da invasão russa da Ucrânia, pretende adquirir 40 mísseis tácticos e 48 bombas guiadas flutuantes para equipar a sua frota de caças aéreos.
Esta venda de equipamentos sensíveis teve que ser previamente aprovada pelo Governo americano, explica o Departamento de Estado em comunicado.
O míssil AIM 9X Block II, conhecido como "Sidewinder", é um míssil ar-ar de curto alcance guiado por infravermelho produzido pela Raytheon.
A AGM-154 JSOW ("Joint Standoff Weapon") é uma bomba guiada flutuante de precisão de médio alcance, permitindo disparar a uma distância segura ("standoff"), também fabricada pela Raytheon.
"Esta proposta de venda fortalecerá a política externa e a segurança nacional dos Estados Unidos, aumentando a segurança de um parceiro de confiança, que é um importante contribuinte para a estabilidade política e o progresso económico do mundo", destacou ainda a administração liderada por Joe Biden.
Este armamento melhora as capacidades ar-ar e ar-terra da Finlândia", que "não terá dificuldade em integrá-las às suas Forças Armadas", concluiu o Departamento de Estado no comunicado.
Após a invasão russa da Ucrânia, a Finlândia e a Suécia apresentaram em Maio uma proposta conjunta para ingressar na Aliança Atlântica, abandonando décadas de não-alinhamento militar.
A adesão, que deve ser aceite por unanimidade pelos 30 estados membros da OTAN, foi ratificada por todos, incluindo por Portugal, com excepção da Turquia e da Hungria.
A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, lamentou no domingo os atrasos na ratificação da entrada da Finlândia e da Suécia na OTAN, defendendo que o processo já deveria estar concluído.
Ancara acusa os dois países, com maior veemência a Suécia, de servirem de refúgio a militantes próximos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), bem como por albergar representantes das Unidades de Protecção do Povo (YPG), activas na Síria, que a Turquia considera como organizações terroristas.
Os turcos bloquearam a entrada dos dois países nórdicos na Aliança Atlântica desde Maio e assinaram um memorando de entendimento com Estocolmo e Helsínquia em Junho, vinculando a adesão à luta contra os movimentos curdos e apoiantes nos dois países.
Já a Hungria adiou, na quinta-feira, a ratificação da adesão da Suécia e Finlândia para 2023.
O parlamento húngaro vai pronunciar-se sobre essa matéria, votando-a "na sua primeira sessão" do próximo ano, declarou o primeiro-ministro nacionalista, Viktor Orbán.
Orbán garantiu, contudo, aos dois países do norte da Europa o seu apoio para se juntarem à OTAN.
A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificação" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.