Washington - Os Estados Unidos anunciaram que as forças israelitas começaram hoje a retirar-se da cidade fronteiriça de Naqoura, sul do Líbano, mais de um mês após o cessar-fogo entre o exército israelita e o Hezbollah.
"O exército israelita iniciou a sua retirada de Naqoura [...] e regressou hoje a Israel, a sul da Linha Azul. Estas retiradas continuarão até que todas as forças israelitas abandonem completamente o Líbano e enquanto o exército libanês continuar a deslocar-se para sul até à Linha Azul", declarou o enviado especial dos Estados Unidos, Amos Hochstein, aos jornalistas, referindo-se à fronteira demarcada pela ONU entre os dois países.
Apesar de estar em vigor desde 27 de Novembro um cessar-fogo entre o Hezbollah e Israel, Hochstein sublinhou que "o Líbano está a atravessar um período crítico.
Nesse sentido, o enviado especial norte-americano apelou à classe política libanesa para que chegue a um acordo com vista à eleição de um novo Presidente da República, após dois anos de impasse.
"Não só é crítico para aplicar este acordo, mas também é crítico para chegar a um consenso político para que se possam concentrar no Líbano ao serviço do seu povo", declarou o enviado norte-americano antes da votação prevista para quinta-feira no Parlamento libanês.
O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, acusou no domingo o Hezbollah libanês de não respeitar os termos do acordo de cessar-fogo e avisou que Israel irá actuar energicamente.
Segundo Katz, os combatentes do Hezbollah ainda não se retiraram para norte do rio Litani, no sul do Líbano, a cerca de 30 quilómetros (km) da fronteira israelita, como estava previsto no acordo.
"Se esta condição não for cumprida, não haverá acordo e Israel será obrigado a atuar unilateralmente para garantir o regresso seguro dos habitantes do norte [de Israel] às suas casas", acrescentou, citado pela agência francesa AFP.
O acordo de tréguas entrou em vigor em 27 de Novembro, dois meses após uma guerra aberta entre Israel e o Hezbollah, que saiu consideravelmente enfraquecido do conflito, com a liderança em grande parte dizimada.
O Hezbollah começou a bombardear Israel para apoiar o grupo palestiniano Hamas, que enfrenta uma vasta ofensiva militar na Faixa de Gaza desde que atacou Israel em 7 de Outubro de 2023.
Nos termos do acordo, o exército libanês e as forças de manutenção da paz da ONU devem instalar-se no sul do Líbano e o exército israelita deve retirar-se no prazo de 60 dias.
O acordo prevê igualmente a retirada do Hezbollah para um raio de cerca de 30 km da fronteira israelita.
Desde o início do cessar-fogo, as duas partes têm-se acusado mutuamente de repetidas violações.
Em Setembro, Israel intensificou a campanha de bombardeamentos contra os bastiões do Hezbollah no Líbano e enviou tropas para o sul do país.
O objectivo era impedir o Hezbollah de disparar foguetes contra o norte de Israel e manter os combatentes do movimento islâmico afastados da fronteira para permitir o regresso dos israelitas deslocados.
Mais de um mês após a entrada em vigor do acordo, o exército israelita retirou-se apenas de um sector do sul do Líbano, Khiam, onde o exército libanês se encontra implantado.
A força de manutenção da paz das Nações Unidas no Líbano e o exército libanês acusaram Israel de várias violações do acordo de cessar-fogo.
O Hezbollah, o Hamas, os rebeldes Huthis do Iémen e vários grupos extremistas da região fazem parte do chamado "eixo de resistência" contra Israel liderado pelo Irão.
O eixo também tinha como aliado o regime de Bashar al-Assad na Síria, que foi deposto em 08 de Dezembro, após uma ofensiva relâmpago de forças rebeldes.
Assad fugiu para a Rússia, que lhe deu asilo político. JM